Amazônia é objeto de novo projeto da Academia Brasileira da Ciência
A Academia preocupa-se com o futuro da Região e apresenta seu projeto para desenvolver a Amazônia na Reunião da SBPC
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) está voltando seus olhares para a Região Amazônica. É o que a entidade demonstrou durante o Simpósio “Academia Brasileira de Ciência na Amazônia” na 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém. O objetivo do simpósio era discutir a criação e implantação do primeiro projeto da ABC para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
No simpósio Hernan Chaimovich,vice-presidente da Academia, foram apresentados os principais desafios sócio-econômicos, educacionais, políticos e naturais para que a Região prospere sem que, para isso, destrua-se a floresta.
“Se tem um tema estratégico para o Brasil hoje, este tema é a Amazônia”, afirmou Chaimovich. Segundo o pesquisador, a ABC reuniu os melhores pesquisadores para criar “um documento que não trata a Amazônia como problema geopolítico local, mas como região de fundamental importância para o Brasil”.
Ciências Sociais na Amazônia – “A Amazônia precisa das Ciências Sociais”, afirmou a pesquisadora Bertha Becker,da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para ela, o primeiro desafio é que não se pode ver a Amazônia como uma região isolada. Tem-se que levar em conta o processo da globalização e situar a Região Amazônica diante do globo.
A preocupação com o futuro é generalizada, principalmente porque estudos mostram que a população mundial deve dobrar até 2015, além disso, alterações futuras tendem chegar em um curto espaço de tempo. Isso envolve o crescimento do mercado e as questões da água, dos minérios e de outras riquezas naturais ainda abundantes na Amazônia. A pesquisadora reconhece que o número de tentativas do Governo em desenvolver de maneira sustentável a Amazônia tem aumentado na última década, mas a Região precisa de mais que novas técnicas. “Só uma Revolução Científica e Tecnológica poderá atribuir valor sócio-econômico na Amazônia em pé”, declarou.
Pós-Graduação na Amazônia – Roberto Dal`Agnoll, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, expôs outro grande desafio à Região: a escassez de formação de pesquisadores as instituições do Norte do país. Com números da UFPA, o pró-reitor pôde fazer um quadro bem próximo à realidade amazônica.
Há na Região Norte apenas 133 cursos de pós-graduação, entre mestrados e doutorados, concentrados, quase exclusivamente entre Pará e Amazonas. Só o Estado do Pará acumula 42 programas de mestrado e 17 de doutorado.
Outro ponto destacado por Dal’Agnoll é que, como a implantação da maioria desses programas é recente, estes ainda levam o conceito 3 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Segundo o pesquisador, o conceito baixo não significa má qualidade dos cursos, mas impedem que novos projetos sejam aceitos pela CAPES.
O Plano Nacional de Pós Graduação (PNPG), aponta outra disparidade: a Região Norte está abaixo da média em relação à porcentagem do PIB e os investimentos em pesquisa. Além disso, a meta do Plano é que os cursos de mestrado no Brasil cresçam 66% até 2010 e que o número dos de doutorado dobre. Com os obstáculos que a região deve superar, corre-se o risco de que a implantação de cursos na Amazônia seja proporcional ao do resto do país, o que apenas manteria as disparidades regionais.
A ABC na Amazônia – Fazendo a síntese documento da ABC para a Amazônia, Adalberto Luis Val, do Instituto Nacional de Pesquisa na Amazônia (INPA) apresentou dados que retratam a Amazônia hoje. A região ocupa cerca de 60% do território nacional, porém sua população, de 22 milhões de pessoas, representa apenas 10% do total brasileiro. Segundo Val, a Amazônia é ocupada por 180 povos indígenas diferentes, algumas centenas de quilombolas e um número imensurável de ribeirinhos, que atuam nos mais variados setores da economia regional, que alcança apenas 8% do Produto Interno Bruto (PIB) de todo o Brasil.
O potencial natural também foi ressaltado: 20% de toda água lançada nos oceanos vem de rios da Amazônia, que detém 80% da água doce mundial. A água é ainda um importante meio de transporte, de comunicação, além de fonte de alimentação com rica fauna e flora.
Adalberto Val destacou ainda que a Região será visando em escalas macro, meso, micro e nano regional, a fim de contemplar da melhor forma possível questões como a biodiversidade, a preservação florestal, o seqüestro de carbono, as oportunidades de negócio e a inclusão social. Entre as medidas a serem implantadas estão um Centro de Assessoramento em Ciências Políticas e Sócio-Econômicas, o Fórum Amazônico de Gestão e o Fundo Amazônico para Ciências Tecnologia e Inovação.
Texto: Íris Jatene (Assessoria de Comunicação Institucional)
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