Seminário Formação de índigenas em Direito. Juristas indígenas contam experiências de formação
O primeiro dia de discussões no seminário “Formação Jurídica e Povos Indígenas: Desafios para uma educação superior no Brasil”. foi bastante produtivo. Segundo a antropóloga Jane Beltrão, da coordenação do evento, "as pessoas saíram com a idéia de que é preciso continuar a inclusão dos povos indígenas na UFPA".
A mesa redonda "Direito, povos indígenas e ensino superior", coordenada pelo cientista político e reitor da UFPA Alex Fiúza de Melo abriu a programação do evento, na manhã de ontem (21) no Hotel Sagres . No período da tarde, foi a vez de bacharéis e acadêmicos de Direto, de origem indígena, contarem um pouco de sua experiência no ensino superior, na mesa "Os juristas indígenas no Brasil – experiências de formação". Uma das participantes , Semari Aquokanti, advogada formada no campus da UFPA em Marabá, disse que "Direto Indígena não se aprende na universidade, é necessário aprender na prática, como eu aprendi na defesa do meu povo". Semari conta que teve que mudar o tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso, de Direitos Humanos Indígenas para Direito da Família, porque não havia um professor que pudesse orientá-la naquela temática.
Na mesa também foram levantadas algumas questões, como a construção de políticas públicas para os povos indígenas, que não leva em conta a participação de pessoas oriundas desses povos. As políticas são criadas "de fora pra dentro", como afirmou Semari.
No Pará, a principal dificuldade de se incluir os povos indígenas no ensino superior, segundo a professora Jane Beltrão, é a precária formação nos ensinos fundamental e médio. Jane afirma que o número reduzido de escolas nas aldeias indígenas, e a regulamentação de escolas, que ainda não é satisfatória, entre outros problemas, dificultam a entrada na universidade de pessoas de origem indígena. “É necessária uma maior articulação entre a universidade, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e as secretarias municipais para que a educação para os povos indígenas consiga alcançar resultados mais eficientes.” Afrimou
O seminário é uma realização do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Universidade Federal do Pará, em parceria com o projeto Trilhas de Conhecimentos, Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento da UFRJ, Museu Nacional, Associação Brasileira de Antropologia e Fundação Ford.
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