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Cantigas de roda são utilizadas no processo de construção do conhecimento infantil

  “Atirei o páu no gato tô tô, mas o gato tô tô não morreu reu reu dona Chica ca ca admirou-se se do berro do berro que o gato deu Miau”. Quem nunca cantou essa música durante a infância, ou pelo menos ouviu alguém cantá-la? Essa, junto com “escravos de jô” e “capelinha de melão” foram as cantigas escolhidas para desenvolver o projeto de pesquisa que tem como tema o uso de cantigas de roda no processo de  construção do conhecimento infantil, desenvolvido por Lielma do Socorro dos Santos Silva, no Curso de Especialização em Educação Infantil
   A idéia do tema surgiu a partir de sua experiência na escola particular Madre Zarif Sales, localizada no bairro do Guamá, periferia de Belém,  onde trabalhou com educação infantil por 3 anos. A partir do projeto “Quem canta seus males espanta”,  desenvolvido na escola  que tinha como objetivo o uso de cantigas no cotidiano infantil, Lielma percebeu mudanças significativas no desenvolvimento de aspectos cognitivos, de linguagem e aprendizagem de seus alunos. “Tínhamos  uma criança de 4 anos, na alfabetização, que não brincava, não participava de nada  e quando começaram as brincadeiras no chão, ela passou a interagir mais”, afirma Liema. O uso de cantigas ajuda no despertar da linguagem, do senso de coletividade, na comunicação e na criatividade infantil. “Atirei o pau no gato é uma música ritmada, silabada e que tem uma estória que leva à reflexão, enquanto que escravos de jó ajuda no desenvolvimento da coordenação motora da criança”, explica Nielma.
   A pesquisa foi baseada em questionário e entrevistas e teve como referencial Jean Piaget, teórico suíço construtivista que desenvolveu uma teoria sobre o desenvolvimento cognitivo infantil dividido em vários estágios, e Vygotsky, pesquisador russo contemporâneo de Piaget que se dedicou aos campos da psicologia e pedagogia. Para Piaget, “a brincadeira é uma atividade natural e poderosa para estimular a vida social e construtiva da criança”. Vygotsky defende que “as brincadeiras são indispensáveis para a criação da situação imaginária”. As cantigas são usadas na leitura, dramatização, em atividades motoras, na construção de cartazes e na socialização de experiências. “As brincadeiras tornam o processo de aprendizagem prazeroso, porque despertam a curiosidade do aluno”, revela Lielma.
   Além do desenvolvimento infantil, as cantigas mantém viva uma memória oral que faz parte de uma tradição cultural que hoje se percebe desvalorizada não somente nas escolas, mas também nas brincadeiras que fazem parte do cotidiano infantil.

 

Texto: Nerusa Palheta (Jornalismo/UFPA) / Foto: Lurdinha Rodrigues

Publicado em: 23.04.2007 16:09