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Naomar Monteiro Filho fala sobre Universidade Nova

O Fórum de Graduação e Licenciatura, encerrado sexta-feira na Universidade Federal do Pará, contou com a participação do Reitor da UFBA Naomar Monteiro Filho nas discussões acerca do projeto da Universidade Nova. O projeto da Universidade Nova está inserido no Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais,  do MEC. A partir do projeto será possível apresentar uma reestruturação acadêmica e curricular, nas formas de acesso, de flexibilidade e ampliação do atendimento, além de promover estratégias de enfrentamento das taxas de evasão, respeitando a autonomia das universidades. Em entrevista ao Portal da UFPA, Naomar  deu mais informações sobre o projeto

 

Portal UFPA : O que propõe o projeto da Universidade Nova, que o faz diferenciar do sistema universitário atual?

 

Naomar Monteiro: A proposta corresponde a uma reestruturação radical da arquitetura curricular, que é o modo geral de organização dos cursos de formação na universidade. Atualmente a universidade brasileira usa o modelo do século XIX, em que os alunos entram direto nas profissões e a pós-gradução é seqüencial a graduação profissional, baseado em um modelo disciplinar de organização dos currículos, os quais são somatórios e em fragmentos. Na prosposta que ganhou o nome de Universidade Nova se reestrutura, criando três ciclos: o primeiro que corresponde a um ciclo geral de formação, o segundo que é um ciclo profissional e o terceiro que corresponde ao ciclo de pós-graduação, de maneira que todos os alunos universitários tenham a entrada na universidade e não nas profissões ou nas faculdades. Atualmente o aluno é capaz de passar todo o periodo de formação na universidade federal, sem conhecer a universidade ao sair. Outra proposta presente no projeto é a flexibilidade dos curriculos,  que porpomos ainda ampliar, já que hoje os curriculos tem muito pouca flexibilidade. Nota-se que os alunos entram no primeiro ano já sabendo o que tem que seguir durande seu periodo de graduando e nos últimos anos  se tentar ser criativo a instituição reprime. Essa inflexibilidade causa muita evasão na universidade, porque as pessoas entram sem ter a consciência  do que é realmente uma certa carreira profissional, descobrindo depois que já está dentro e a legislação obriga o aluno sair da universidade depois de um certo periodo e no caso do aluno desejar mudar, as preferencias internas são restritas e não visa o fomento à transformação e à mobilidade interna na instituição. Todos esses pontos, a proposta da Universidade nova apresenta um formato que supera essas dificuldades. Amplia a entrada na universidade, diminui a evasão, flexibiliza os curriculos, tornando os alunos mais protagonistas, articula graduação e pós-graduação e também cria um sistema que é compatível com os países de primeiro mundo, porque o modelo atual do Brasil não convergem com as estruturas curriculares dos outros países desenvolvidos. Então, nosso país corre o risco de ficar isolado das outras redes universitárias do mundo.

 

Portal UFPA : O senhor acredita que as universidaes brasileiras estão preparadas para aderir a esse projeto de Universidade Nova?

 

Naomar Monteiro: Na questão de preparação, devo ressaltar que o projeto não destrói, ele supera. Além disso, não obriga. Então as instituições podem produzir seus próprios modelos de reestruturação. Agora o que está sendo denunciado de uma certa forma com a proposta é que o sistema atual da universidade brasileira, que foi montada pelo regime militar em 1968, pela  reforma de 68,  já está superado em todo o mundo. Então não é uma questão de estar preparado ou não. Se não for para esse projeto, será para outro. Ficar como estar é um anacronismo. E a universidade teoricamente é instituição de vanguarda na sociedade. Então ela tem que estar pronta para mudanças.

 

Portal UFPA: Então, o senhor defende que o projeto da Universidade Nova trará condições para solucionar problemas existentes atualmente na academia?

Naomar Monteiro: É. A proposta é justamente a identificação dos problemas e posteriormente ter ação com a concepção criativa de um modelo que solucione os impactos e os problemas. É claro que criará outros, mas isso se dá no próprio processo histórico.

 

Portal UFPA:  Nesse contexto, o processo seletivo para a ingressão dos alunos nas universidades também sofrerá mudanças? Como serão realizados os trâmites necessários para a absorção dessas mudanças?

Naomar Monteiro: Eu e aqueles que estão em defesa do projeto têm uma posição de crítica ao atual vestibular, porque ele é ilogico, injusto e discriminatorio, apesar de teoricamente ser democrático e dar chaces equivalentes. Mas como os sujeitos tem histórias sociais distintas e diferenciadas, a entrada na universidade através do vestibular privilegia aqueles que tem condições de comprar uma educação de qualidade antes da universidade. O que é ilogico no vestibular é o fato dele ser um exame único para a seleção profissional para áreas distintas. Não faz sentido achar que se tem um mesmo instrumento de identificação de vocações eficaz tanto para medicina quanto para dança como para direito quanto pra engenharia de minas, tanto para administração e para museologia. Não é possivel se acreditar que tenha um instrumento tão mágico como esse. Na verdade, ele não é mágico e o que ele tem feito no sitema atual é calibrar o processo de entrada pelos profissionais competitivos. Então, a essencia da proposta da Universidade Nova é jogar como ação profissional para o segundo ciclo e criar um ciclo que é interdisciplinar de formação cultural, artistisca, humanistica e cientifica para todos os alunos da universidade. Opcional, de maneira que os conteúdos serão montados pelos alunos.

Portal UFPA: E o que de essencial o projeto da Universidade Nova propõe implementar?  

Naomar Monteiro: Vale a pena assinalar a ênfase na pesquisa. Nos campos científicos como o modelo, propicia-se a progressão rápida dos talentos cientificos de maneira que o aluno fazendo bacharelado interdisciplinar, pode ir direto para o mestrado. E outro ponto fundamental é que nos campos científicos o conceito de eixos está estruturando os programas ds bacharelados interdisciplinar, permitindo uma formação cientifica muito maior do que a atual, que é uma formação científica espotaneista, como por exemplo é possível encontrar um docente que faz pesquisa e que orienta, às vezes participando como bolsista de iniciação cientifica. No caso, é possivel no que está sendo proposto incluir todo um eixo de formação durante todo o curso nas áreas científicas como iniciação à pesquisa. Nas áreas docentes, a iniciação será docente e nas diferentes áreas profissionais serão estágios de vivência, sendo ainda incorporado na proposta com muita força a necessidade de participação social dos alunos da universidade, que atualmente é algo através dos programas de extenção, sendo algo por vontade e por disposição dos alunos. No projeto da Universidade Nova se torna uma atividade optatória a todos, as chamadas atividades curriculares em  comunidade e as atividades curriculares em instituição, que correspondem ao projeto de um estágio social geral para os alunos da universidade.


Texto: Leylla Melo / Foto: Bruno Magno

Publicado em: 28.05.2007 08:52