Otorrinolaringologista do Hospital Bettina orienta sobre cuidados no verão
Praia, igarapé, piscina. brincadeiras na água são os principais causadores de desconfortos com o ouvido e garganta durante as férias, e as crianças são as principais vítimas. É o que explica Francisco Palheta, otorrinolaringologista do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. O médico indica prevenção como principal ferramenta para evitar agravos na saúde do ouvido e garganta.
Para o especialista os problemas de garganta surgem especialmente devido à variação climática. “Na nossa região é comum termos manhãs ensolaradas e tardes chuvosas, quando o clima esfria um pouco. Essa variação e o excesso de brincadeiras na água podem facilitar infecções na garganta”.
Francisco Palheta conta que as principais queixas são das crianças que sentem dores na garganta, dificuldade para engolir e febres brandas. “No caso, é importante ir ao médico que deve avaliar e, se for o caso, encaminhar a medicação adequada”.
Otites são os principais problemas - Mas são os ouvidos os mais sensíveis às atividades das férias escolares e o tratamento das otites são as principais causas das visitas ao otorrino durante e após as férias. O principal motivo para isso são as brincadeiras na água. “Nos igarapés e piscinas, com a água parada, o risco são as brincadeiras e constantes mergulhos e saltos para a água. Na praia, as ondas são as principais responsáveis pela entrada de líquido e até mesmo de grãos de areia no ouvido. Em agosto, é comum recebermos crianças com grãos no ouvido que causam problemas”, revela o médico.
Ele conta, ainda, que os adultos percebem facilmente incômodos, mas as crianças podem demorar a perceber que algo não está bem. “Até mesmo por estarem se divertindo, por estar entre amigos e não desejar interromper a brincadeira, eles podem não notar alguma diferença e a presença de água ou grãos de areia pode demorar mais a ser notada.”
Entre os sintomas de otites estão a dificuldade de ouvir, o inchaço do conduto externo do ouvido que passa a ter uma aparência avermelhada, a liberação de secreções amareladas e a dor de ouvido em geral. “Em alguns casos pode aparecer febres devido à infecção. No consultório, o tratamento é feito com o uso de medicamento em gotas, aplicadas no local e, por vezes, com medicação via oral.”
Atenção com as brincadeiras é importante - Para crianças que têm predisposição a infecções de ouvido, o uso de protetores de silicone encontrados em farmácias pode ser uma opção. Também há próteses feitas em laboratórios moldadas especificamente para cada paciente.
O otorrinolaringologista conta que a melhor maneira de prevenir problemas com o ouvido é o cuidado e a atenção dos pais com os filhos. “Sabemos o quanto é difícil, mas é preciso observar o comportamento e a forma como as crianças estão brincando na água e na areia e orientá-los sobre como evitar que entrem coisas nos ouvidos. Além de reforçar estas orientações constantemente, já que as crianças, especialmente quando estão entre amigos, têm dificuldade em seguir estas recomendações.”
Ainda segundo Francisco Palheta, limitar o tempo dentro d’água é essencial. “É possível aproveitar as férias e passar duas ou três horas por dia na piscina, igarapé ou praia e não o dia inteiro durante vários dias, sob pena de sofrer com otites e dores de garganta que as impeçam de aproveitar o resto das férias.”
Em relação ao que fazer quando entra água no ouvido, o médico destaca que há várias recomendações originárias na cultura popular e, em geral, elas não causam mal à saúde. “Não temos comprovação científica da eficácia do uso de leite materno, urina, água morna, álcool e outros ‘truques’ para tirar água do ouvido. Também não sabemos se elas realmente funcionam ou se têm efeito de placebo. Apenas em relação ao álcool destaco que seu uso recorrente pode causar irritação no conduto auditivo e, em geral, é preciso evitar introduzir coisas no ouvido. A melhor opção é sempre procurar um médico.”
Texto: Cléo Viana e Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Reprodução / Google
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