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Projeto pesquisa Perfil de Estomizados no contexto amazônico

Algumas deficiências são adquiridas após a contração de doenças, como o câncer de cólon ou reto. A pessoa com estomia, resultante de um procedimento cirúrgico, por consequência de determinados fatores, é considerada, por lei, como pessoa com deficiência. Estima-se que, no Brasil, existam entre 80 mil a 100 mil pessoas com estomia intestinal e urinária. Em Belém, o Projeto de pesquisa Perfil de Estomizados no Contexto Amazônico (PESCA) da UFPA é responsável por descrever e analisar o perfil epidemiológico dessas pessoas em nossa região. Esse é o tema da terceira reportagem do UFPA em Série – Acessibilidade.

Além de provocar um impacto positivo nos estomizados que fazem parte do projeto, no sentido de dar nitidez às informações acerca do processo de reabilitação, o PESCA permite à comunidade acadêmica o encontro direto com a realidade dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando melhor compreensão e um novo olhar sobre esta deficiência física.

Projeto de Pesquisa - Criado em 2014 pela professora doutora Regina Ribeiro Cunha, enfermeira estomaterapeuta, o projeto foi desenvolvido com o objetivo de contribuir para o planejamento de ações pontuais de atenção à saúde das pessoas com estomia e desenvolver pesquisas com interface no tema em estudo, ainda escassos no Brasil.

“Meu interesse em investigar essa temática surgiu desde que realizei o mestrado. Ao ingressar no doutorado em 2007, já realizei duas disciplinas com trabalhos realizados nessa temática. A pesquisa fornecerá um banco de dados informatizado, o que constitui um valioso instrumento gerencial, concedendo fácil acesso a um registro sistematizado de informações ao planejamento em saúde.”

O local de estudo do projeto, nomeado como Serviço de Atenção à Pessoa com Estomia, referência no estado, fica localizado na Unidade de Referência Especializada (URE) da avenida Presidente Vargas, nº 513, Bairro da Campina.

Procedimentos - A pesquisa possibilita diversos tipos de procedimento, entre eles destacamos a aplicação dos instrumentos de coleta de dados; exame físico geral; e avaliação clínica da estomia, realizadas durante a Consulta de Enfermagem. Também é realizada a orientação quanto ao processo de reabilitação, agendamentos de consulta de seguimento e o encaminhamento para Associação dos Estomizados do Pará (AOPA).

Estomia Intestinal e Urinária - É um procedimento cirúrgico, no qual se realiza uma abertura no abdome, por onde o conteúdo dos intestinos passa a ser expelido, sendo coletado por uma bolsa externa. A abertura é realizada por meio de um procedimento cirúrgico, tendo como causas o câncer no cólon ou no reto, doenças inflamatórias intestinais, polipose adenomatosa familiar, má formação congênita ou traumas.

As estomias são classificadas quanto ao tempo de permanência como definitivas ou temporárias. As temporárias possibilitam a reconstrução do trânsito intestinal, já os definitivos, impossibilitam esse processo.

Preconceitos - São muitas as dificuldades combatidas, diariamente, pelos estomizados. Entre elas, destacamos o preconceito no local de trabalho e a falta de banheiros públicos adaptados à necessidade de alta higienização desses indivíduos. O ex-agente penitenciário John Herbet Ferreira, servidor aposentado, nos contou sobre os obstáculos que enfrentava no local de trabalho.

“Eu ouvi muita gracinha de colegas de trabalhos, falaram que eu não tinha condições de fazer as mesmas atividades que eles, pois eu era ostomizado, e tudo isso me deixava completamente triste e desmotivado a continuar no trabalho”. Em muitos casos, por perder a antiga qualidade de vida, é preciso que a pessoa estomizada realize acompanhamento psicológico. “Meu quadro foi agravando, tanto que foi preciso eu realizar tratamento psicológico, foi uma época muito triste”, lembra.

Legislação – Por não possuírem o controle esfincteriano, intestinal ou urinário, as pessoas com estomia passaram a ser reconhecidas legalmente como pessoas com deficiência física, por meio do decreto nº 5296 de 02 de dezembro de 2004.

Apesar da legislação garantir direitos às pessoas com estomia, a realidade na região amazônica ainda é preocupante. “Nós precisamos de mais respeito. Por falta de material, todos os meses nós vivemos um dilema. Eu já fiquei três meses sem receber bolsas coletoras. Acredito que o Estado precisa praticar, de fato, o que diz a lei, principalmente no que fiz respeito à manutenção da nossa saúde”, revela o servidor aposentado John Herbet Ferreira.

Segundo a professora doutora Regina Ribeiro Cunha, coordenadora do projeto, é preciso que haja mobilizações para que a lei se cumpra. “A problemática com a dispensação de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança ainda é permanente. As pessoas com estomia precisam se empoderar junto a sua Associação para que, unidos, possam reivindicar o cumprimento da legislação”, conclui.

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Texto: Edielson Shinohara – Assessoria de Comunicação da UFPA.
Foto: Acervo / Pesquisa

Publicado em: 29.09.2016 17:55