Pesquisadora egressa da UFPA fala sobre Belém na Rádio USP
O Programa Diversidade em Ciência, da Rádio USP, entrevistou a pesquisadora em Estruturas Ambientais Urbanas, Yara Felicidade de Souza Reis, aluna egressa da Universidade Federá do Pará (UFPA), que aborda a arquitetura do poder, tendo como recorte a cidade Santa Maria de Belém do Grão-Pará (atual Belém), na segunda metade do século 18 até os dias atuais.
A pesquisadora também fala da arquitetura do poder, da persistência das ideologias colonialistas na contemporaneidade e como o discurso da história única narrada pela elite exclui e extermina diferentes segmentos sociais nas composições arquitetônicas.
A pesquisadora Yara Reis é pós-doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e desenvolveu em seu doutorado a pesquisa "Urbanismo em Belém na segunda metade do século XVIII". Ela integra o Grupo de Trabalho da Associação de Historiadores Latinoamericanistas Europeus (AHILA).
Sobre a pesquisa - A partir desse trabalho, Yara Reis percebeu como se deu o processo de colonização e a sua interface com a arquitetura, que, segundo ela, é a maior expressão dos grupos dominantes.
Como o colonizador da época utilizava material de alta qualidade, muitas vezes importado da Europa, os prédios tinham melhor acabamento e duravam mais tempo, constituindo-se séculos depois em patrimônios culturais.
No caso da população pobre, a realidade era outra. As construções precárias eram feitas de materiais rudimentares, utilizados do próprio meio ambiente, tais como palhas, madeiras e outros, sendo rapidamente consumidos pelo tempo e deixando poucos registros arquitetônicos dos mais pobres. Para entender esse processo, Yara Reis cita a arquitetura vernacular, que irá tentar regatar a história desse segmento social.
Na entrevista, Yara Reis fala ainda sobre a escravização dos indígenas pelos Jesuítas e a desconstrução da história desses povos pelo colonizador.
Tendo como recorte a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, ela explica o surgimento da capital do Pará como estratégia portuguesa para a preservação da fronteira brasileira, evitando, assim, os ataques, principalmente dos franceses.
Por esse motivo, há um grande investimento dos portugueses, no século 18, para fazer a arquitetura de Belém algo grandioso e intimidador. O que será reforçado durante o período do Ciclo da Borracha, que acontece no final do século 19.
Sobre o programa - O Diversidade em Ciência é um programa de divulgação científica voltado para as ciências da diversidade e vai ao ar toda segunda-feira, às 13 horas, com reapresentação aos sábados, às 14 horas. A direção e a apresentação são de Ricardo Alexino Ferreira; e edição de áudio, de João Carlos Megale.
O programa é gravado no estúdio do Departamento de Comunicações e Artes/Educomunicação da ECA-USP.
A Rádio USP pode ser sintonizada em 93,7 MHz/SP ou pelo link.
Texto e foto: Divulgação Rádio USP
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