A Faculdade de Enfermagem da UFPA formou seus dois primeiros alunos indígenas no dia 15 de dezembro. Almir Vital da Silva, da etnia Tembé; e Purupramare Lima Gavião, da etnia Parkateje. Os dois participaram da cerimônia de entrega dos diplomas no Centro de Eventos Benedito Nunes. A formatura é um momento muito importante, tanto para esses alunos e suas tribos quanto para a Instituição.

Os alunos e seus familiares estavam muito felizes com a conquista dos dois. “Acho que isso é uma grande conquista, porque a gente vem crescendo cada vez mais, aqui, no Pará e no Brasil. Para mim, é uma conquista muito grande, um êxito enorme, e quero levar para minha comunidade uma resposta positiva. E falando em nome dos povos indígenas, é uma conquista enorme e com um retorno gigantesco para todos nós”, comentou a formanda Purupramare Lima.

O outro formando, Almir Vital da Silva, foi bolsista de Iniciação Científica, orientado pela professora Jane Beltrão, com quem escreveu um artigo publicado na Revista Amazônica, em conjunto com Edmar Fernandes, presidente da Associação de Estudantes Indígenas da UFPA.

“Nós saímos de nossa base com esse objetivo, nos formar e dar um retorno para a comunidade. Então esse momento é de muita importância, de chegar até aqui, pois poucos chegam, acabam desistindo no meio do caminho por diversos obstáculos. Tive muita dificuldade, mas consegui superar com o apoio da família, da comunidade, amigos, professores, e alguns órgãos que nos apoiaram. Nós não fazemos uma luta isolada, precisamos de apoio da comunidade e dos amigos. Este é um momento muito feliz”, explica Almir.

Os familiares dos formandos também participaram da cerimônia e estavam muito felizes pela conquista dos dois, pois agora se tornam exemplos não só para suas comunidades, mas também para os povos indígenas em geral.

“É uma felicidade para todo mundo da aldeia, pois ela vai poder cuidar das pessoas de lá, porque vêm muitas pessoas de fora, mas não têm aquele amor de uma pessoa de dentro da comunidade, não sabem das necessidades. Muitas pessoas acreditam que índio não pode se formar, existe muito preconceito ainda, então ela se torna um exemplo para muita gente que acredita nesse sonho, e tenho certeza que muitos meninos e meninas vão se inspirar nela”, comentou Mihagerê Gavião, filha de Purupramare Lima.

Seleção especial para indígenas - Em resposta às reivindicações dos povos indígenas acerca de acesso ao ensino superior, desde 2010, a UFPA implementou um Processo Seletivo Especial. A seleção faz parte da política de ações afirmativas para estudantes de origem indígena. Além da UFPA, este sistema também é oferecido por outras três universidades públicas do Estado. Na Federal Paraense, são ofertadas duas vagas para indígenas nos cursos de graduação da Instituição.

Texto: Lucas Costa – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Adolfo Lemos

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