Nanotecnologia e a Hevea brasiliensis
As excepcionais propriedades da borracha natural (BN) têm sido um desafio para a indústria petroquímica, uma vez que as borrachas sintéticas não atingiram, até hoje, várias das suas propriedades. “Muitos pesquisadores propuseram e testaram, durante algumas décadas, vários modelos para justificar as deficiências dos produtos sintéticos face ao natural, com sucesso apenas parcial”, explica o pesquisador Fernando Galembeck, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que dará uma conferência na 59ª Reunião Anual da SBPC sobre as aplicações da nanotecnologia no estudo da borracha.
A recente tese de doutorado de Márcia M. Rippel (Unicamp, 2005), usando métodos microquímicos, revelou que a estrutura e propriedades mecânicas da BN dependem muito da presença de compostos de cálcio e alumínio, além de proteínas e fosfolipídios. Todas estas substâncias químicas estão presentes no produto natural mas não nos sintéticos, sendo incorporadas pela própria planta ao látex.
Segundo o químico, “na sua presença, as moléculas de poli-isopreno, que são as principais formadoras da borracha, se organizam em uma série de nanoestruturas híbridas e, portanto, em um nanocompósito”. “Essa complexa organização supramolecular da BN era até então insuspeita e permite compreender vários comportamentos ‘misteriosos’ da borracha natural”. Por outro lado, diz o pesquisador, o aprendizado sobre nanoestruturas obtido nesse trabalho está agora sendo aplicado à criação de vários novos nanocompósitos de borrachas, de Hevea e também sintéticas.
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