O valor econômico da floresta em pé
O valor econômico da floresta em pé, foi tema de mesa redonda na Reunião Anual da SBPC. A sustentabilidade do extrativismo dos produtos florestais não madeireiros (PFNMs) foi o principal assunto abordado durante o debate.
“Há mais de 20 anos se fala que o extrativismo é o caminho para o desenvolvimento da Amazônia. Eu não creio nisso”. Charles Clement do INPA argumentou que os PFNMs possuem valor de mercado muito baixo, e que eles precisam ser modificados dramaticamente para ter demanda. De acordo com ele, a floresta Amazônica representa menos de 1% do PIB brasileiro.
Samuel Almeida, do Museu Paraense Emílio Goeldi, é mais otimista em relação aos PFNMs. Ele coordena o projeto “Plantas do Futuro - Região Norte”. A lista de plantas do futuro inclui 93 espécies divididas em oito grupos: alimentícias; tóxicas; ornamentais; medicinais; aromáticas; biojóias; oleaginosas; e fibrosas. “Existe, de fato, uma economia emergente na Amazônia, e este seria o terceiro ciclo, depois das ervas e do ciclo da borracha”, disse Almeida. As “plantas do futuro” são todas nativas da Amazônia, não ameaçadas de extinção, com algum potencial econômico.
Em relação ao assunto, Alfredo Homma (EMBRAPA) foi bastante crítico: “Depois do assassinato de Chico Mendes, em 1988, criou-se uma falsa idéia de que todo produto florestal não madeireiro é sustentável”. Homma falou do “mercado da angústia” dos PFNMs medicinais, que prometem a cura do câncer, da velhice, da impotência sexual, perda de cabelos etc.
O Açaí - Apesar da conclusão de que ainda faltam tempo e investimentos nos produtos florestais não madeireiros para que eles adquiram valor econômico, os três pesquisadores concordam que o açaí é um caso à parte.
Nos anos 90, alguns empreendedores levaram a idéia do açaí para o Rio de Janeiro. Com um investimento em mídia e o apoio das principais instituições de ensino e pesquisa da Amazônia, UFPA e UFRA, a idéia deu certo. A abundância do recurso e da mão-de-obra, além da localização estratégica (produtores nos arredores de Belém) são fatores que pesam em favor do açaí. Cerca de 150 mil pessoas participam da cadeia produtiva do açaí na região entre Belém e Macapá, com cerca de 3200 pequenos batedores de açaí em Belém. Somente a cidade de Belém consome 400 toneladas de açaí por dia.
Texto: Augusto Rodrigues, Assessoria de Comunicação Institucional UFPA
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