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Pesquisadores também falaram sobre novos modelos para geração de energia na Amazônia

   Discutir acerca do gerenciamento e criação de novos modelos para a geração de energia na Amazônia, levando em consideração a questão sócio-ambiental. Essa foi a temática discutida no encontro “A Questão Hidroelétrica na Amazônia”, realizado na 59ª Reunião Anual da SPBC, em Belém.
   A bióloga Maria Teresa Piedade, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), acredita que o grande potencial energético da Amazônia está nos rios e mostrou o resultado de um estudo sobre as áreas alagadas pelas hidroelétricas na região amazônica. O estudo mostrou que a regiões de igapó são mais suscetíveis à instalação das hidroelétricas, pois carregam pouco sedimento - areia, argila ou materiais orgânicos em decomposição - diluídos nos rios. Outra região bastante comum no cenário amazônico apontado por Maria é a várzea. Caracterizada pela abundância de nutrientes no solo, essa região corresponde a 4% do território amazônico. Maria explica que nessas regiões, as hidroelétricas não foram instaladas por abrigarem 90% da população rural da Amazônia que utilizam a agricultura e a pecuária como atividades principais.   
   Já o professor Marco Aurélio dos Santos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, falou dos novos modelos de gerenciamento de energia, como as termoelétricas, que representam apenas 15 % de sua potência instalada no país. No entanto, destacou o potencial do Brasil para o gerenciamento hidroelétrico, que ocupa o terceiro lugar do mundo, observando que 43 % do potencial do país está na Amazônia. “Não podemos esquecer que essa discussão envolve problemas mais sérios como a questão ambiental e social, resta-nos discutir juntamente com a sociedade qual é o modelo adequado para a região amazônica”, afirma. Para o ecologista Miguel Petrere, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), a questão fundamental que deve nortear a discussão, vai girar em torno de um modelo que não agrida o meio ambiente, como vêm acontecendo com as hidroelétricas já instaladas no espaço amazônico. “Antes de instalar qualquer fonte de energia seja termoelétrica ou nuclear, o importante é discernir e avaliar os pontos positivos e negativos para o local onde será instalada a hidroelétrica. A Amazônia possui um potencial hidrelétrico imenso, só precisa saber como gerenciar isso”, afirma.
   Questões ambientais como as emissões de gases poluentes pelas hidrelétricas também foram lembradas no encontro. O químico Alexandre Kemenes do INPA mostrou o resultado de sua tese de doutorado no sentido de alertar para a grande poluição gerada pelas hidrelétricas. De acordo como o estudo, os lagos artificiais criados pelos alagamentos e as turbinas das hidroelétricas, em decomposição de substâncias presentes no fundo do rio como árvores e outros nutrientes, produzem gases prejudiciais ao meio ambiente, como metano e gás carbônico. Alexandre explica que estudos preliminares estão sendo realizados para a transformar o metano em uma fonte de energia renovável, mas ressalta a importância da participação de pesquisadores de todas as áreas para a resolução do problema.  

Documento - Ao final do encontro, a bióloga Maria Teresa Piedade, que coordenava a mesa, destacou a importância da discussão para a elaboração de um documento que deve ser entregue a SBPC. Segundo Maria Teresa, esse documento ficará disponível para a sociedade e deve nortear as ações da entidade nos debates sobre a instalação de hidroelétricas na Amazônia.


Texto e Foto: Bruno Magno (Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA)



Publicado em: 12.07.2007 16:47