Bettina integra campanha que alerta sobre saúde vocal para evitar o câncer
A voz é a principal ferramenta de expressão humana e tratar dela é cuidar da forma como a pessoa se comunica e se relaciona com o mundo. No próximo domingo, 16, ocorre o 15º Dia Mundial da Voz e a 19ª Campanha Nacional da Voz, que traz como tema "Dê voz ao que é bom". Por isso o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA)/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), abraça a iniciativa e realiza mutirão de laringoscopia, que será realizado nesta quarta-feira, 12. O exame é usado para o diagnóstico do câncer de laringe, e o mutirão vai atender 100 pacientes que já estão na fila de espera do Bettina. O HUBFS é referência em Otorrinolaringologia no Pará e atende 100% por meio do Sistema Único de Saúde.
Segundo Gisele Koury, que atua como médica preceptora da Residência Médica de Otorrinolaringologia nos Ambulatórios de Laringe e Voz e de Foniatria no Bettina, o principal intuito da campanha é alertar que problemas de voz podem levar a questões mais graves de saúde, como o câncer, e o diagnóstico da doença ainda é feito de forma tardia. "Em mais de 50% desses pacientes que têm câncer de laringe, a primeira manifestação é a rouquidão que não melhora, e não procuram logo atendimento. Quando os casos estão no início, as chances de cura são de mais de 90%", afirma a médica.
Estatísticas - Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam, até 2014, que o público predominante do câncer na laringe, no Pará, eram homens com um percentual de 80 casos (1,92%), dos quais, 30 deles (4,15 %) na capital. Já para as mulheres, foram 10 casos no Estado, sendo todos em Belém (0,62%). No Brasil, são 7.640, sendo 6.870 (7,03%) em homens e 770 (0,75%) em mulheres.
Ainda segundo a médica, o principal fator de risco da doença é o tabagismo, o alcoolismo e algumas infecções, como papiloma vírus e o refluxo, que são ácidos do estômago que podem queimar o esôfago e a laringe. Alguns sintomas são rouquidão, pigarro constante, voz fraca, dificuldade para engolir ou respirar, falhas ou cansaço ao falar e outros. Diante de qualquer um deles, a orientação é procurar um otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo.
Ela explica que outro intuito incorporado na campanha, realizada pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV), com apoio da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), é em virtude de a voz fazer parte do universo de 70% das pessoas consideradas profissionais da voz, como professores, ambulantes, leiloeiros, cantores, atores, vendedores, advogados, telefonistas, jornalistas e outros. "É muito importante manter a voz preservada para que as pessoas possam exercer sua profissão, e há modos de cuidar: se hidratar bem; não falar muito alto; não gritar; evitar alimentos que causem azia ou má digestão; evitar ambientes com poeira, mofo ou cheiros fortes; evitar fatores como fumo e álcool; ter saúde em geral boa", aconselha a médica.
Exame – O Hospital Bettina é um dos poucos hospitais públicos no Pará que, hoje, disponibilizam o exame de laringoscopia e atende a pacientes do próprio hospital, além dos que são encaminhados pela rede do SUS para se submeter ao procedimento. Quando o paciente é do Bettina, além da laringoscopia, o hospital confirma o diagnóstico com a realização da biópsia da lesão. Caso confirmado diagnóstico de tumor, o HUBFS encaminha para o Hospital Ofir Loyola, o único hospital que serve de referência no Pará para tratamento de tumor maligno.
Texto e fotos: Cleide Magalhães – Ascom do Complexo Hospitalar da UFPA.
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