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Pesquisadores identificam as potencialidades socioeconômicas e naturais para o desenvolvimento da Rodovia Santarém-Cuiabá

   Identificar as potencialidades socioeconômicas e naturais para o desenvolvimento da Rodovia Santarém-Cuiabá (BR 163), utilizando o Zoneamento Ecológio-Econômico (ZEE) da região. Esse foi o eixo do debate para os cientistas que participaram do encontro <<É sustentável o desenvolvimento da BR – 163 (Cuiabá – Santarém)?>>, realizado na última Reunião Anual da SBPC.
   O ZEE da BR-163 é um mecanismo de política de desenvolvimento sustentável regional que vai ordenar a ocupação territorial e promover o uso racional dos recursos naturais numa área de cerca de 318 mil quilômetros quadrados. Envolvendo cerca de 19 municípios paraenses, a área representa aproximadamente 27% do território do Estado e já possui 15 unidades de conservação, sendo quatro de proteção integral, 11 de uso sustentável e três terras indígenas. Além disso, também ocupa uma extensa área militar que engloba a Serra do Cachimbo, no sul do Pará, que apresenta diferentes tipos de vegetação e paisagens naturais.  Para Júlio Miragaya, coordenador do Plano BR-163 Sustentável, do Ministério da Integração, a vantagem do ZEE para a região é a facilidade na regulamentação do processo de desenvolvimento.<<Com investimentos em infra-estrutura e tecnologia, vamos poder criar alternativas para a BR 163. Não podemos mais pensar somente na visão tradicionalista da Amazônia, que só servia como modelo de extração de recursos. Vamos verticalizar a produção dos recursos da floresta, sem prejudicar sua riqueza, que são importantes para o futuro>>, afirma.  
   O pesquisador Leandro Valle Ferreira, do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), apresentou o resultado de um estudo da biodiversidade da região da BR 163. De acordo com Leandro, cerca de 70% do desmatamento realizado na região ocorre ao longo das rodovias, BR-163 (Cuiabá-Santarém) e BR-230 (Transamazônica) e das estradas vicinais, mostrando a necessidade de se realizar um ordenamento nessas áreas. <<As imagens de satélite mostram que o desmatamento é dez vezes maior fora das áreas protegidas do que dentro delas>>, observa.  O estudo aponta ainda que as regiões de mais alta importância biológica estão quase todas incluídas dentro das áreas protegidas pelo ZEE. <<A região possui um conjunto de áreas protegidas com diferentes vocações, sendo possível o desenvolvimento de diversas atividades econômicas, aliadas à preservação e manejo dos recursos naturais>>, afirma Leandro. 
   Em virtude da importância para a conservação da fauna e flora da região, o pesquisador esclarece que as unidades de conservação devem ser priorizadas nos estudos e inventários biológicos. Ele alerta também para o plano de manejo dessas áreas, que deveriam ser realizados em caráter de urgência. O estudo recomenda, ainda, a criação de programas de monitoramento para a avaliação de impactos ambientais sobre a fauna e flora da região, que é considerada rica, inclusive, com espécies ameaçadas de extinção.
   Edna Castro, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA (NAEA), realizou uma pesquisa sobre as características sócio-ambientais da BR 163 e avaliou que faltam investimentos na região. O estudo mostrou que a densidade demográfica da área de influência da BR-163 é considerada muito baixa, de 1,79 habitante por km2, concentrada principalmente em Santarém (PA), sendo que a população sem instrução aparece com 27% no Mato Grosso e 35% no Pará. Outro ponto observado por Edna foi a infra-estrutura do local, que foi definida como muito precária, demonstrando problemas como ausência de saneamento básico, criminalidade, inexistência de serviços públicos e de saúde.  Já no quesito atividade econômica, a pesquisadora destacou a expansão na produção da soja e a exploração madeireira como atividades predominantes da região.  Para Edna, o estudo demonstra que faltam incentivos na região. <<O Zoneamento Econômico Ecológico está apenas começando, mas para dar certo precisamos do apoio de todos os setores da sociedade e principalmente do Estado>>, afirma.

Texto e foto: Bruno Magno (Asessoria de Comunicação Institucional da UFPA)
Publicado em: 19.07.2007 15:18