Pesquisa analisa o impacto do smartphone entre jovens de ilha de Belém
A segunda reportagem do UFPA em Série-Telecomunicações mostra o estudo da jornalista e professora Monique Igreja. Em sua dissertação “Tecnologia e Interações na Amazônia Paraense: um estudo com jovens da ilha de Murutucu – Belém/PA”, a pesquisadora analisou as formas em que se estabelecem as interações mediadas pelo smartphone, junto a moradores ilhéus, que vivem em uma realidade marcada pela transição entre urbano e rural. Leia a seguir.
Durante a pesquisa, Monique Igreja conduziu entrevistas com 20 jovens, com base em aspectos referentes a quatro eixos: a identificação (gênero, idade, escolaridade), a experiência de morar na ilha, o deslocamento a Belém e a caracterização do uso do celular e da internet. De acordo com a professora, os participantes do estudo utilizam os smartphones para variadas funções, entre elas estudar e combinar encontros para tomar banho de rio.
“Assim os jovens se conectam aos seus smartphones, mas também à natureza: os rios, principalmente, exercem um significado representativo em suas vidas. Essa constatação coloca em xeque um aspecto presente no discurso dominante que, por vezes, é tomado como óbvio no senso comum: o fato de a tecnologia desconectar os sujeitos de seus locais de origem”, explica Monique.
Qual o principal uso que fazem? - Na pesquisa, verificou-se que o principal uso dos celulares é voltado para as redes sociais, principalmente Facebook e Whatsapp. Para a jornalista, “este fato reflete a facilidade de acesso possibilitado pelo dispositivo, que permite maior inclusão digital, já que tem um custo inferior se comparado a computadores, notebooks e tablets”. Ela ressalta a importância dessa inclusão, uma vez que, até 2011, os moradores de Murutucu não tinham nem acesso à energia elétrica: “Os depoimentos deles destacaram as melhorias decorrentes da chegada da energia, que ampliou o consumo de eletrodomésticos e popularizou o uso do celular entre os habitantes, possibilitando a mediação das ações do cotidiano.”
Importância - “Para os jovens de Murutucu, comunicação é sinônimo de interação e está sempre relacionada ao uso do aparelho celular”, relata Monique. Segundo ela, essa interação ajuda a conectar os jovens àqueles distantes fisicamente, tornando-se o centro da vida deles.
Conforme a pesquisa, esse papel de destaque está ligado às telecomunicações e à conectividade: “As telecomunicações são essenciais na interação dos jovens. As funções de conectividade proporcionadas pelo smartphone estimularam o consumo e, principalmente, a produção de informações entre os jovens de Murutucu. O dispositivo tecnológico transpõe as limitações presentes na ilha e se configura como uma ‘praça virtual’, um espaço de desdobramento de socializações, que tem dificuldades de serem praticadas em Murutucu, visto que não há espaços públicos institucionalizados de lazer em seu território”, esclarece Monique.
Por que pesquisar a Ilha de Murutucu? - Para a pesquisadora, Murutucu apresenta relações de convivência única: com casas distantes umas das outras e apenas com embarcações como meio de transporte, já que não conta com ruas. “Nesse contexto, o acesso à internet, facilitado com o uso de smartphones, adquire um papel fundamental nas interações tecidas pela população juvenil”, ressalta.
A professora relatou de que forma surgiu a iniciativa de estudar a realidade da ilha, com base na tecnologia: “Quando visitei Murutucu pela primeira vez, pude perceber que os jovens locais vivenciam um processo de intensa articulação com o smartphone – enquanto conversava com eles, não paravam de mirar a pequena tela e deslizar seus polegares sobre ela. Essa percepção me trouxe à tona várias perguntas: Como se estabelece a interação comunicativa desses jovens por meio do smartphone? Qual a importância do aparelho em suas vidas?”
Uma das participantes da pesquisa realizada por Monique foi Rayane Navegantes. Ela destacou que o smartphone adquire uma relevância maior em razão da possibilidade de acesso à internet. “É como se o celular, sem dados móveis, não tivesse função alguma. É tudo feito pela internet”, conta a jovem, que começou a utilizar a web em 2013 e, desde então, não parou mais.
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Texto: Alice Palmeira - Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Divulgação /Pesquisa
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