UFPA e Eletrobrás debatem sobre Belo Monte
::Fórum Técnico Processos Participativos na Implantação de Grandes Empreendimentos. Dias 4 e 5 em Belém e Altamira
A Eletrobrás e a Universidade Federal do Pará promoveram nesta terça-feira (04), no auditório do campus setorial básico, no campus UFPA em Belém, o Fórum Técnico Processos Participativos na Implantação de Grandes Empreendimentos, com o objetivo de levar a discussão sobre o aproveitamento hidrelétrico Belo Monte ao público acadêmico e a entidades relacionadas ao tema. O evento também acontecerá em Altamira, município que será diretamente afetado pelo AHE Belo Monte, nesta quarta-feira (05). O Fórum teve como palestrante a Professora Paula Stroh (UFAL). Os professores Gilberto Rocha (NUMA) e Rosa Acevedo (NAEA) foram os debatedores. Rainério Meireles da Silva, coordenador do campus de Altamira foi o mediador. Ainda este ano, segundo Rainério Meireles, são esperados mais quatro fóruns.
A socióloga Paula Stroh - que participou do planejamento da UHE de Kararaô, atual Belo Monte - abriu o Fórum com a Palestra Desafios do Planejamento Participativo em Empreendimentos Hidrelétricos. <<A participação social hoje se coloca como uma obrigatoriedade na construção estratégica de planejamento e de implementação de programas e projetos sócio-ambientais e hidrelétricos>>, disse Stroh. No entanto, segundo Paula Stroh, a participação se constitui como problema, não como solução. De acordo com a socióloga, <<a participação social ocorre segundo um processo de construção coletiva ocupado por uma pluralidade de atores sociais que contemplam articulações, concepções, formulações programáticas sobre bases de múltiplos interesses particulares>>, interesses os quais, são mutáveis. <<O ator social é um ser mutável. Antigos opositores ao projeto, hoje são seus defensores. Muda-se de posição, ou seja, o ator social é portador da incerteza da participação e do processo participativo>>, afirma.
A professora Rosa Acevedo abordou o caso da UHE de Tucuruí: <<Essa energia que está sendo contemplada como uma necessidade para o desenvolvimento vem dar apoio aos chamados projetos eletrointensivos de energia. Nós sabemos que a energia de Tucuruí alimenta os empreendimentos da Vale do Rio Doce, da Albrás, da Alunorte>>. Segundo Rosa Acevedo, cabe à Universidade recuperar a capacidade de elaborar uma crítica e fornecer elementos para a discussão do projeto Belo Monte para os grupos sociais organizados em Altamira.
<<Nós temos que aprender a tratar as pessoas não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista sociocultural>>, Gilberto Rocha
<<No caso de um empreendimento hidrelétrico o problema não são só as populações que ali vivem. É também um problema às populações que migram>>, disse o professor Gilberto Rocha, ao tratar de um possível crescimento demográfico exacerbado em Altamira. <<É preciso buscar cada vez mais os canais que sejam capazes de legitimar os interesses sociais>>.
Dados extraídos do site do Instituto Socioambiental (ISA) apontam que a área de influência de Belo Monte, segundo definição da Eletronorte, envolve os povos Juruna, da Terra Indígena Paquiçamba, localizados mais próximos à usina, os Assurini do Xingu, os Araweté, os Parakanã, os Kararaô, os Xikrin do Bacajá, os Arara, os Xipaia e os Kuruaia. Segundo o ISA, a barragem de Belo Monte, implicaria no remanejamento de cerca de duas mil famílias que vivem hoje em condições precárias na periferia de Altamira, de 800 famílias da área rural de Vitória do Xingu e de 400 famílias ribeirinhas.
Rosa Acevedo falou ainda sobre a necessidade de abordar esta discussão numa linguagem mais acessível, o que tornaria <<as condições mais convincentes e mais favoráveis para os povos indígenas, para os agricultores, para os ribeirinhos que já são os atingidos pela barragem de Belo Monte>>.
Se aprovado, Belo Monte terá uma capacidade instalada de 11.182 MW (onze milhões e cento e oitenta e dois mil quilowatts), distribuída em duas casas de força, uma com 11.000 MW e outra com 182 MW, inundando uma área de 440 km².
Mais informações sobre o AHE Belo Monte:
http://www.socioambiental.org
http://www.belomonte.gov.br
Texto: Augusto Rodrigues / Foto: belomonte.gov.br
A Eletrobrás e a Universidade Federal do Pará promoveram nesta terça-feira (04), no auditório do campus setorial básico, no campus UFPA em Belém, o Fórum Técnico Processos Participativos na Implantação de Grandes Empreendimentos, com o objetivo de levar a discussão sobre o aproveitamento hidrelétrico Belo Monte ao público acadêmico e a entidades relacionadas ao tema. O evento também acontecerá em Altamira, município que será diretamente afetado pelo AHE Belo Monte, nesta quarta-feira (05). O Fórum teve como palestrante a Professora Paula Stroh (UFAL). Os professores Gilberto Rocha (NUMA) e Rosa Acevedo (NAEA) foram os debatedores. Rainério Meireles da Silva, coordenador do campus de Altamira foi o mediador. Ainda este ano, segundo Rainério Meireles, são esperados mais quatro fóruns.
A socióloga Paula Stroh - que participou do planejamento da UHE de Kararaô, atual Belo Monte - abriu o Fórum com a Palestra Desafios do Planejamento Participativo em Empreendimentos Hidrelétricos. <<A participação social hoje se coloca como uma obrigatoriedade na construção estratégica de planejamento e de implementação de programas e projetos sócio-ambientais e hidrelétricos>>, disse Stroh. No entanto, segundo Paula Stroh, a participação se constitui como problema, não como solução. De acordo com a socióloga, <<a participação social ocorre segundo um processo de construção coletiva ocupado por uma pluralidade de atores sociais que contemplam articulações, concepções, formulações programáticas sobre bases de múltiplos interesses particulares>>, interesses os quais, são mutáveis. <<O ator social é um ser mutável. Antigos opositores ao projeto, hoje são seus defensores. Muda-se de posição, ou seja, o ator social é portador da incerteza da participação e do processo participativo>>, afirma.
A professora Rosa Acevedo abordou o caso da UHE de Tucuruí: <<Essa energia que está sendo contemplada como uma necessidade para o desenvolvimento vem dar apoio aos chamados projetos eletrointensivos de energia. Nós sabemos que a energia de Tucuruí alimenta os empreendimentos da Vale do Rio Doce, da Albrás, da Alunorte>>. Segundo Rosa Acevedo, cabe à Universidade recuperar a capacidade de elaborar uma crítica e fornecer elementos para a discussão do projeto Belo Monte para os grupos sociais organizados em Altamira.
<<Nós temos que aprender a tratar as pessoas não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista sociocultural>>, Gilberto Rocha
<<No caso de um empreendimento hidrelétrico o problema não são só as populações que ali vivem. É também um problema às populações que migram>>, disse o professor Gilberto Rocha, ao tratar de um possível crescimento demográfico exacerbado em Altamira. <<É preciso buscar cada vez mais os canais que sejam capazes de legitimar os interesses sociais>>.
Dados extraídos do site do Instituto Socioambiental (ISA) apontam que a área de influência de Belo Monte, segundo definição da Eletronorte, envolve os povos Juruna, da Terra Indígena Paquiçamba, localizados mais próximos à usina, os Assurini do Xingu, os Araweté, os Parakanã, os Kararaô, os Xikrin do Bacajá, os Arara, os Xipaia e os Kuruaia. Segundo o ISA, a barragem de Belo Monte, implicaria no remanejamento de cerca de duas mil famílias que vivem hoje em condições precárias na periferia de Altamira, de 800 famílias da área rural de Vitória do Xingu e de 400 famílias ribeirinhas.
Rosa Acevedo falou ainda sobre a necessidade de abordar esta discussão numa linguagem mais acessível, o que tornaria <<as condições mais convincentes e mais favoráveis para os povos indígenas, para os agricultores, para os ribeirinhos que já são os atingidos pela barragem de Belo Monte>>.
Se aprovado, Belo Monte terá uma capacidade instalada de 11.182 MW (onze milhões e cento e oitenta e dois mil quilowatts), distribuída em duas casas de força, uma com 11.000 MW e outra com 182 MW, inundando uma área de 440 km².
Mais informações sobre o AHE Belo Monte:
http://www.socioambiental.org
http://www.belomonte.gov.br
Texto: Augusto Rodrigues / Foto: belomonte.gov.br
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