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Expedição em homenagem aos 400 anos do nascimento do Pe. Antônio Vieira faz escala em Belém.

O Cruzeiro Histórico - Identidade e Cidadania (C.H.I.C.), comandado pelo Prof. Dr. A.de Abreu Freire, da Universidade de Aveiro (Portugal), atualmente em Belém , navega pelos mesmos espaços  percorridos pelo Pe. Antônio Vieira na Europa, África e Brasil. A expedição, comemorativa aos 400 anos de nascimento de Antônio Vieira, é integrada ao projeto de investigação ICIPAV.2008 – Identidade e Cidadania: Padre Antônio Vieira 2008 e em associação com o Mestrado em Ciências da Educação na área de especialização de Formação Pessoal e Social do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro. Terá como resultado  publicação de um livro pela Gráfica de Coimbra, acompanhado de um DVD, nos quais espera-se revelar a <<dimensão humana>> da vida do Pe.Antônio Vieira.
O CHIC zarpou de Aveiro, Portugal, no dia 17 de março deste ano e já realizou escalas em Cabo Verde (África), e no Brasil, em Fernando de Noronha, Recife, Fortaleza, Salvador, São Luís. Fica em Belém, até o final de outubro ancorado na Universidade Federal do Pará, ao lado da Capela Universitária.
A imagem de Antônio Vieira, historicamente, foi atrelada aos seus sermões, tais como o <<Sermão da Quinta Dominga da Quaresma>> e o <<Sermão da Sexagésima>>. De acordo com Abreu Freire <<é necessário ler o Pe. Antônio Vieira de uma maneira diferente, porque, tanto em Portugal como no Brasil, insistiu-se muito na imagem de um pregador de sermões, um homem sentado numa mesa com um crucifixo ao lado, escrevendo sermões>>. Antônio Vieira fez sete travessias do Atlântico, que fizeram dele um <<cidadão do mundo>>, e serviram de base para a escrita de seus sermões e cartas, segundo Abreu freire: “É isso que estamos a descobrir: a dimensão da viagem do Pe.Antônio Vieira, a dimensão humana que originou os seus sermões”
Religioso, escritor e um dos mais influentes personagens do criticismo ao regime colonial no Brasil do século XVII, Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, e mudou-se para o Brasil aos seis anos, pois seu pai tornara-se escrivão em Salvador, na capitania da Bahia. Em Salvador, Vieira estudou no Colégio dos Jesuítas e tornou-se noviço em 1623. Também foi embaixador, defensor da liberdade religiosa - contrário à Inquisição -defensor dos judeus e da causa indígena. Definido pelos índios como <<Paiaçu>>, o <<grande pai>>, e pelo poeta Fernando Pessoa como o <<Imperador da língua portuguesa>>, Antônio Vieira <<viveu num século perturbador e inovador como nunca se tinha visto antes, partilhou a amizade e a mesa dos grandes deste mundo nos países mais avançados, percorreu rios e picadas de sertões desconhecidos ao encontro dos povos mais primitivos do planeta e, em todos os lugares por onde andou, deixou marcada a dimensão da sua destemida e invulgar coragem em língua portuguesa>>, explica Abreu Freire.
Um dos pontos mais intrigantes da obra de Vieira é a Teoria do <<Quinto Império>>, segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser a cabeça de um grande império do futuro. Abreu Freire define o <<Quinto Império>> como a descrição de uma globalização cristã e em língua portuguesa. <<Muito avançado para o seu tempo, muito antes de Marshall McLuhan, ele imaginou o que seria uma ‘feira universal’ a qual ele deu vários nomes, entre os quais o <Quinto Império>. A globalização acabou por fazer-se e não foi nem portuguesa nem católica. Ela é muito mais que isso. Ela ultrapassa esses limites, mas ele foi o primeiro a descrevê-la>>.
Falta de interesse em contraste com a obra de Vieira

Antônio Vieira também contribuiu para a unificação do Brasil, num período em que a comunicação entre o norte brasileiro e Salvador era impossível por água: <<Ele criou um caminho por terra, pacificando a Zona de Ibiapava, no Ceará, abrindo caminho para o interior do Brasil, onde ele e toda a gente, supunha que havia  as minas de ouro e diamante, uma riqueza enorme>>. Segundo Abreu Freire, foi graças às missões estabelecidas por Vieira ao longo dos rios Tocantins e Araguaia que Belém se transformou na ‘porta do ouro’, a primeira cidade por onde se exportou o ouro vindo do interior do Brasil.
Contudo, a maior concentração de estudos sobre Antônio Vieira está fora de Portugal e do Brasil. A maioria dos trabalhos sobre Vieira encontra-se em centros de pesquisas da Alemanha, Japão e Estados Unidos: <<Eu acho que os países de língua portuguesa só descobrem os seus heróis, e até os seus mitos, quando os outros os vêem primeiro. Isso é lamentável, é pena que isso aconteça, que sejamos os últimos a descobrir-nos a nós mesmos>> - lamenta o professor. <<Qualquer país teria feito já um grande memorial a um grande homem destes: não há sítio nenhum onde haja um túmulo, nem onde haja um memorial digno de uma personalidade deste tamanho em todo reino de Portugal e no Brasil>>.


Mais informações sobre o CHIC e sobre a obra do padre Antônio Vieira:

http://www.ua.pt/vieira2008

por Augusto Rodrigues – Assessoria de Comunicação Institucional UFPA
Publicado em: 16.10.2007 11:04