Qualificação do trabalhador do supermercado em estudo

A política de qualificação dos trabalhadores, desenvolvida pelos principais supermercados de Belém, serviu como objeto de investigação para a dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós- Graduação em Educação da UFPA.
O Sociólogo e professor da UFPA, Raimundo Wanderley Corrêa Padilha, apresentou como trabalho de conclusão, ao respectivo programa, a dissertação “A Reestruturação Produtiva e suas Repercussões na Qualificação e na Formação do Trabalhador dos Supermercados de Belém”. Ancorando suas análises na teoria marxista, fez uma abordagem dos efeitos pedagógicos e sociológicos que as mudanças técnicas inseridas no mundo do trabalho ocasionam sobre a formação desses trabalhadores. Ele se interessou pelo assunto ao perceber a pouca atenção dedicada pelos pesquisadores às mudanças promovidas na condição de trabalho dos que labutam no comércio e pelo peso econômico e social que o setor supermercadista assume na economia local, algo em torno de 10 % do Produto Interno Bruto (PIB) paraense.
No desenvolvimento da pesquisa, o professor selecionou suas amostras a partir dos 50 maiores supermercados nacionais indicados no ranking anual da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), nos últimos 5 anos. Inicialmente, ele visitou a Associação Paraense dos Supermercados (ASPAS) para coletar informações gerais e depoimentos da entidade empresarial. Em seguida, procurou entrevistar os gerentes de recursos humanos dos supermercados Yamada, Líder, Nazaré e Formosa, e acompanhou a dinâmica dos seus ambientes de trabalho.
Wanderley observa que as empresas supermercadistas que ele analisou exigem perfis diferenciados para o trabalhador do supermercado. Em alguns estabelecimentos há a solicitação do certificado de conclusão do Ensino Médio para a contratação do candidato, o que aponta para a valorização da escolarização formal como critério essencial nessa modalidade de seleção, em seguida a contratação é que o trabalhador recebe treinamentos específicos para as diversas funções de trabalho existentes nos estabelecimentos. Em outros supermercados é exigido somente o nível fundamental, neles são priorizadas a política de treinamento e a formação informal dos funcionários. Os treinamentos aplicados, em ambos os casos descritos pelo pesquisador, são realizados pela Escola Nacional de Supermercados (ENS), entidade vinculada a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), eles são pensados para especializar mão-de-obra exclusiva para o ramo do supermercado, visando o melhor desempenho na função que cada trabalhador deve exercer. “Esses treinamentos funcionam como política de ajustamento técnico-comportamental para suprir, na ótica das empresas, as modificações processadas nas atividades de trabalho existentes nos supermercados, as quais resultam das constantes inovações tecnológicas em curso no país” explica Wanderley.
Outra constatação do estudo foi o fato de que, dentre os supermercados de Belém, o maior possuidor de rendimento é aquele que menos se apóia na política de exigência da escolarização formal, adotando o nível fundamental como critério de seleção e o os treinamentos intensivos, principalmente os fornecidos pela Escola Nacional de Supermercados, para seus contratados. Ele explicou que várias leituras podem ser feitas a partir desse resultado, dentre elas destaca a estratégia de gestão de recursos humanos, adotada pelo supermercado, que se baseia no controle rigoroso dos trabalhadores de menor escolaridade, tendendo a engajá-los numa política cultural favorável ao planejamento da empresa.
O Professor explicou que esse processo de pesquisa ainda está em curso, pois o assunto é complexo e têm a possibilidade de render várias outras discussões pedagógicas, sociais e econômicas, mas que no atual estágio já se podem apurar profundas mudanças no trabalhador dos supermercados de Belém, que vão desde elementos técnicos até elementos políticos. O aprimoramento da tecnologia e as novas dinâmicas que estão inseridas em todos os setores do comércio exigem que os trabalhadores dos supermercados também se enquadrem num contexto profissional que se modifica constantemente.
Texto: Shamara Fragoso. Foto : Mari Chiba
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