Faculdade de Arquitetura homenageia Milton Monte na recepção ao calouro
O Arquiteto Milton Monte foi o mestre homenageado na recepção ao calouro da Faculdade de Arquitetura da UFPA, realizada na última quarta-feira (27), no Atelier de Artes, localizado no campus profissional.
Professor aposentado da UFPA, após 48 anos dedicados ao magistério, Milton Monte começou atuar como arquiteto na década de 60 e se destaca nacionalmente em projetos voltados para a arquitetura tropical. O arquiteto buscou inspiração nas casas indígenas e usou elementos da região como matéria-prima em seus projetos, criando um estilo amazônico de construção.
Ganhador de diversos prêmios, inclusive internacionais, Milton tem projetos até em Cingapura, “Não me envergonho da cultura da minha terra, o mais longe que pude levá-la, eu levei”, disse . O professor foi um dos 10 nomes convidados para a Sétima Bienal Internacional de Arquitetura, seus trabalhos impressionaram personalidades como o cineasta brasileiro Hector Babenco. Dentre suas construções na universidade estão o Campus Básico e a caixa d`água da UFPA.
<<Dizem que Engenheiros e Arquitetos são os grandes construtores do mundo moderno, os responsáveis pelas características urbanas e as marcas da contemporaneidade. De certa forma pode-se dizer que o arquiteto Milton Monte foi de encontro a muitas dessas idéias. Ao invés de construir projetos que seguissem as tendências da modernidade, preferiu recorrer ao primitivo criando uma arquitetura que além de sofisticada e autêntica são obras que denotavam um grande poder de antevisão a respeito das causas ambientais>>, disse Irving Montanariretor, vice-diretor da Faculdade na saudação ao Arquiteto.
Na palestra <<Amazônia em diversidade>>, que proferiu aos alunos ingressantes do curso de arquitetura e urbanismo, o Arquiteto declarou com humor “Eu não sou palestrante, sou um velho professor ou um professor velho”, brincou . O professor explicou que unir estrutura e forma nos seus projetos não é um aspecto meramente estético, mas funcional e que sua obra prima pela felicidade e conforto de seus usuários.
Nascido em 28 de janeiro de 1928, em Xapuri, no Acre, Milton definiu-se como um paraense de coração. Contou aos estudantes que se formou em Engenharia antes de cursar Arquitetura, nos anos 60, e que foi nesse período que voltou o olhar ao primitivo, às palafitas amazônicas, à palha que cobria a casa dos índios, a argila e a madeira. E foi nesse ambiente que o Arquiteto implementou uma das suas mais marcantes características: o beiral quebrado que possibilita apreciar um dia de chuva com as janelas abertas. “Muito mais do que conhecimento, observações como essas exigem sensibilidade”, recomenda.
Falando sobre as novas perspectivas dos Arquitetos nesse novo contexto urbano de conservação ambiental, o professor disse que “Nas cidades viciadas como Belém é difícil fazer alguma coisa. No interior é mais fácil, há muito por fazer. Não podemos descuidar do interior, porque se nós não acreditarmos, não vai acontecer”.
Milton Monte fez um apelo aos alunos para que não esqueçam os grandes nomes da Arquitetura regional, pessoas que já não estão atuando, mas que foram importantes para o desenvolvimento da identidade amazônica nos projetos arquitetônicos. “A sofisticação moderna é importante para a produção de um projeto na arquitetura, mas só a sensibilidade do olhar voltado para aquilo que parece comum faz uma obra autêntica”, ensina.
Texto: Tamiles Costa (Assessoria de Comunicação Institucional)
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