Docente da Faculdade de Farmácia da UFPA integra comissão nacional da ANVISA
PLANTAS MEDICINAIS EM DISCUSSÃO
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgou, no dia 26/02, a relação dos pesquisadores que vão compor as subcomissões da Farmacopéia Brasileira, entidade que estabelece a qualidade dos medicamentos consumidos em todo o país. Entre elas, está o Prof. Dr. Wagner Luiz Ramos Barbosa, da Faculdade de Farmácia e do Curso de Mestrado
Desta vez, houve uma maior preocupação em selecionar pesquisadores fora do eixo centro-sul, mas não foi apenas por isso que o Prof. Wagner Barbosa foi chamado para formar a subcomissão de Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Ele é autor de importantes estudos sobre o assunto, como por exemplo, <<AVALIAÇÃO FITOQUÍMICA, TOXICOLÓGICA E ANTI-EDEMATOGÊNICA DE PLANTAS MEDICINAIS NATIVASDA REGIÃO AMAZÔNICA>>. Essa nomeação traz à tona a importância de se estudar plantas medicinais principalmente na região amazônica, onde a cultura de utilizar ervas medicinais ainda é forte.
Para ter um medicamento com maior eficácia é preciso desenvolver várias etapas. “Num primeiro momento uma área é selecionada para saber quais as doenças de maior incidência e quais os remédios utilizados”, explica o prof. Wagner Barbosa. “Depois de colher a planta de estudo, chega-se na etapa chamada Etnofarmacognosia, que avalia o princípio ativo do vegetal, assim como sua estrutura química. A Farmacotécnica, por sua vez, estudará o modo como esse princípio ativo pode agir e qual sua melhor forma farmacêutica (injetável, via oral, etc). E por fim, a Farmacologia verificará a toxidade do princípio ativo, como também sua eficácia”, conclui.
Além disso, um aspecto que os cientistas estão valorizando são as influências culturais de cada região, uma vez que a concepção de doença e de cura são reflexos desse fator. Barbosa afirma que <<a Etnobotânica e a Etnofarmacologia, por exemplo, são alguns dos estudos que têm como principais objetivos resgatar o conhecimento tradicional repassado através de gerações e fazer com que essas informações sejam bem aplicadas na forma de preparar e consumir esses remédios naturais>>.
Outro fator que ganha destaque, é a consciência sustentável na produção de plantas medicinais. É possível recuperar áreas devastadas com o manejo de plantas medicinais sem o cultivo extrativista de monocultura, mas, desse modo, não só o meio ambiente é beneficiado, mas também a própria comunidade que nela trabalhar. Assim, a indústria farmacêutica e as pesquisas em fitoterápicos conseguem se desenvolver e chegar a conclusões que beneficiem a sociedade.
NATUREZA AMEAÇADA
Casca de cajueiro para inflamação, quebra-pedra para problemas nos rins ou castanha da índia para melhorar a circulação. Há quem duvide do poder das plantas medicinais, mas a ciência está cada vez mais próxima do conhecimento popular para compreender e criar novos medicamentos. A biodiversidade da Amazônia e a milenar atividade de buscar na natureza a cura para doenças fazem dessa região um rico campo de pesquisa. Mas o desmatamento e a biopitataria colocam em risco esse bem.
Há muito tempo se tem notícias dos males que a agressão contra a floresta Amazônica pode causar. Um dos danos que esse crime provoca é a extinção de espécies de plantas com fins terapêuticos, colocando em risco as pesquisas sobre a cura de doenças como o câncer e a AIDS, por exemplo.
Outro fator preocupante, é a prática comum de cientistas e laboratórios estrangeiros que levam dos países amostras de plantas e as registram suas patentes, a chamada Biopirataria. Além de levar vantagem sobre as riquezas de outros países, essa prática evidencia a fragilidade na segurança dos patrimônios naturais e expõe a necessidade da criação de políticas de proteção ao meio ambiente.
Texto: Dandara Almeida – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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