O arquiteto e professor aposentado, Alcyr Meira, esteve na última sexta-feira no Ateliê de Arquitetura da UFPA, para ministrar a palestra <<Complexo Esportivo do Mangueirão>>. Alcyr Meira falou dos princípios básicos e os cuidados para a construção de um estádio esportivo, a atual estrutura do Mangueirão e suas adaptações necessárias para sediar a Copa de 2014.
O Auditório Daniel Campbell ficou lotado de estudantes de Arquitetura e Urbanismo da instituição. Não é para menos; Alcyr Meira é autor do projeto urbanístico da Cidade Universitária José da Silveira Netto − onde foi vice-reitor − e do Estádio Olímpico do Mangueirão.  
<<Eu me aposentei em 1992, e desde essa época, essa é a primeira vez que recebo um convite para fazer uma palestra na Universidade>>, falou o professor.

Estrutura
 O projeto estrutural do Estádio Olímpico do Mangueirão é único, não existe um outro estádio com suas características. Sua arquibancada dispõe de dois formatos: por dentro elíptico e por fora circular, criando, assim, uma sinuosidade (superfície de revolução) com dois pontos de altura mínima que facilitam o acesso aos pontos mais altos. Além de permitir uma visão total do gramado. <<Deve-se estabelecer uma arquibancada com plenitude de visão nos pontos fundamentais. Porque quando o jogador vai bater um escanteio, o torcedor deve ver a bola e o atleta chutando a bola>>, alerta Prof. Alcyr.
 <<Com relação à estrutura do futuro, houve também uma solução que é inédita. De tal modo inédito, que um escritório carioca foi contratado para elaborar uma tecnologia específica para o Mangueirão>>, ressalta Prof. Alcyr, referindo-se às vigas que cobrem os pilares que sustentam o estádio. Essas estruturas são livres, não estão presas diretamente aos pilares, apenas cabos de aço ancorados em blocos do tamanho de um ônibus equilibram a peça. <<Três feixes de cabo são encamisados e, segundo cálculos, o ideal é que eles sejam cobertos com uma pasta de concreto de 7°C. Tudo isso para impedir o desequilíbrio na tensão dos cabos>>, explica o Professor.
O <<cinturão de facilidades>> é a área reservada aos sanitários e onde está localizado o reservatório de água que abastece o Mangueirão. <<Hoje, com o uso, percebemos que esse ‘cinturão de facilidades’ não foi uma solução ideal. As pessoas que estão aqui (indicando a parte superior do estádio) têm dificuldade de chegar a esse espaço, e se tornou muito mais fácil fazer xixi na rampa. É uma triste realidade>>, observou, com humor, Alcyr Meira. Mas com transformação do Mangueirão num estádio olímpico, o número de banheiros aumentou seis vezes.

Copa de 2014
Entre as várias modificações que serão feitas no Estádio Olímpico do Mangueirão, existe a proposta de se fazer o Projeto de Esporte e Lazer do Mangueirão, onde serão construídos espaços para vários outros esportes que servirão à comunidade em geral. Além de ter um museu dos esportes, com as histórias e origens de cada modalidade, o espaço terá uma ampla praça de alimentação e estacionamentos. Piscinas, quadras, campos de futebol e pista de bike, patins e skates, tudo com medidas olímpicas e adaptadas às necessidades especiais, o que viabilizaria uma futura paraolimpíada.
Serão construídas grandes cisternas que vão reaproveitar a água da chuva, não como água potável, mas para utilizar na limpeza, nas descargas dos sanitários, etc. Além disso, uma grande área será destinada à imprensa. Terão dois estúdios de TV dentro do estádio, sem falar nas centenas de armários individuais para os jornalistas e cabines de transmissão para cada emissora.
<<Vamos colocar Belém numa referência nacional, mas para isso é necessário que se crie uma consciência coletiva na cidade>>. Hotéis suficientes, taxistas que falem outras línguas, obras de infra-estrutura por toda a cidade, não só entorno do estádio, essas são algumas transformações pelas quais a cidade precisa passar para receber a Copa, que não deixa de ser um evento comercial e turístico. <<O esporte é apenas o pretexto>>, ressalta Prof. Alcyr.

Texto: Dandara Almeida - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA

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