Pesquisador da UFPA lança livro sobre os impactos provocados por grandes projetos hidrelétricos na Amazônia
A construção de usinas hidrelétricas como a de Tucuruí resultou em inúmeros impactos ambientais e sociais na região durante a década de 70. Três décadas mais tarde, a preocupação de pesquisadores é evitar que os mesmos erros do passado se repitam com a construção de grandes projetos, entre eles a usina de Belo Monte. O alerta é do pesquisador e professor da UFPA, Gilberto de Miranda Rocha, que durante dez anos realizou estudos sobre os impactos de grandes projetos hidrelétricos na Amazônia, mais especificamente a Usina Hidrelétrica de Tucuruí. O resultado desse trabalho de pesquisa está no livro “Todos convergem para o lago – Hidrelétrica de Tucuruí – municípios e territórios na Amazônia”, que ele vai lançar nesta sexta-feira (11), no auditório do Centro de Capacitação (Capacit) da UFPA.
A obra reúne parte de sua tese de doutorado, defendida nos anos 90, na Universidade de São Paulo (USP), com os resultados das pesquisas sobre as transformações espaciais e territoriais ocorridas na região de Tucuruí a partir da construção das barragens. Gilberto Rocha explica que a usina trouxe mais problemas do que benefícios tanto do ponto de vista ambiental como social.
Entre os impactos, o pesquisador cita a formação do reservatório hidráulico (conhecido como lago de Tucuruí), que provocou a inundação de quatorze povoados ribeirinhos, o remanejamento de 30 mil pessoas e o crescimento desordenado da população que era formada por 5 mil habitantes e passou a ter mais de 100 mil com a construção da usina. Segundo Gilberto Rocha, o crescimento populacional foi provocado pela migração de mão-de-obra para a região de Tucuruí. Como conseqüência dessas transformações, os serviços essenciais como saúde, educação e saneamento foram profundamente atingidos.
Na região amazônica, além do complexo da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que compreende o rio Xingu, estão previstas duas grandes construções: a usina do Jirau e de Santo Antônio, no Estado de Rondônia, com o aproveitamento do rio Madeira. “Nós sabemos que as transformações são profundas, por isso é preciso se tomar atitudes antes e durante a construção dessas usinas, e não depois, como foi feito com o projeto de Tucuruí”, enfatiza Gilberto Rocha que completa: “é neste sentido que o livro retrata aquele período e sistematiza as lições com a construção da represa”.
A construção desses empreendimentos na Amazônia está diretamente ligada às necessidades, em parte, dos grandes grupos econômicos que se instalam na região ou no Brasil. São empreendimentos eletro-intensivos que demandam uma grande quantidade de energia. Mas além dos interesses econômicos existem os interesses nacionais, já que grande parte da energia gerada na Amazônia é consumida por outras regiões do país.
Belo Monte – os estudos de impactos ambientais para a construção da Usina de Hidrelétrica de Belo Monte iniciaram no final da década de 90. Durante esse período, os estudos foram embargados por questões de natureza, sobretudo jurídica, que contestavam, por exemplo, o Termo de Referência que deveria ser apresentado pelo IBAMA e não pela Sectam (hoje Secretaria Estadual de Meio Ambiente), já que o empreendimento era de escala nacional, compreendendo o rio Xingu que abrange vários Estados. Outros impedimentos jurídicos vieram de movimentos sociais indígenas, que reivindicavam o atendimento de suas necessidades frente aos impactos que seriam gerados pelo complexo de Belo Monte.
Após algum tempo, esses estudos técnicos foram retomados e um novo Termo de Referência foi construído, desta vez pelo IBAMA. Segundo Gilberto Rocha, atualmente esses estudos estão em fase de conclusão e são conhecidos como EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental), que visam avaliar a viabilidade do empreendimento do ponto de vista social e ambiental.
Autor – Gilberto de Miranda Rocha é geógrafo e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Professor da UFPA e atual diretor do Núcleo de Meio Ambiente (NUMA/UFPA). Organizou dois livros: um sobre desenvolvimento local, em 2002, e outro sobre gestão ambiental, em 2006. É ainda co-autor do livro Governança, Integração e Meio Ambiente na Amazônia (2007).
Serviço:
Lançamento do livro: “Todos convergem para o lago – Hidrelétrica de Tucuruí – municípios e territórios na Amazônia”.
Autor: Gilberto de Miranda Rocha
Data e hora: 11 de abril (Sexta-feira), às 17 horas.
Local: auditório do Centro de Capacitação (Capacit) da UFPA.
Texto: Ericka Pinto
Foto: Mácio Ferreira
Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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