12 anos do massacre de Eldorado e os conflitos de terra continuam
Doze anos após a morte dos 19 trabalhadores sem terra, em Eldorado de Carajás, o cenário de conflitos sociais na região Amazônica continua o mesmo e as ameaças de morte também. No Estado do Pará, apesar das inúmeras denúncias de violência que chegam às autoridades, o destino dos que lutam pela posse da terra tem sido inevitável.
Desde a década de 70, a problemática fundiária na Amazônia tem sido objeto de pesquisas e análises do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), da Universidade Federal do Pará. Uma das linhas de trabalho do NAEA são os conflitos sociais que durante vários anos fomentaram os debates do Fórum sobre a violência no campo. O Núcleo possui ainda uma vasta bibliografia sobre temas relacionados à estrada de ferro de Carajás, mineração, conflitos fundiários, terras quilombolas, desmatamento, entre outros.
Após quatro décadas, novas pesquisas reforçam a necessidade urgente de um ordenamento territorial e uma ação mais eficiente do Estado para resolver a questão fundiária. “Enquanto não ficar definida essa estruturação fundiária a violência no campo estará longe de acabar”, comenta a coordenadora do NAEA, Edna Castro.
Como exemplo, ela cita a construção da rodovia BR 163, que liga o município de Santarém a Cuiabá, que tem sido palco de grandes conflitos, provocados pela disputa por terras, exploração ilegal de madeira, entre outros. Esta região, conhecida como “terra de ninguém”, também faz parte de estudos realizados por pesquisadores do NAEA.
Edna Castro comenta ainda outro fato recente de ameaças de morte dirigidas aos bispos das regiões do Marajó e do Xingu, além do município de Abaetetuba. Segundo ela, a situação se repete se comparada com as ameaças sofridas por padres franceses no Pará na década de 70 e que teve destaque internacional.
São várias as áreas que estão em conflito deflagrado, o que torna o tema relevante no debate sobre a Amazônia, “embora haja uma tendência, que inclusive é seguida pela mídia, de pensar a Amazônia apenas na questão ambiental”, diz Edna. Segundo a pesquisadora, todos os conflitos na Amazônia têm base social. A questão ambiental é apenas um dos fatores que contribuem para a violência no campo. Desta forma, a disputa envolve atores sociais em busca de recursos naturais, território, posse de terra, entre outros.
Para ela, os intelectuais da atualidade perderam a força de fazer uma análise completa, rigorosa do que é a região e passaram ao discurso superficial, vazio, pautado pelo imediatismo. “Acho que a sociedade precisa se dar conta do problema fundiário e exigir do Estado uma finalização do processo de ordenamento e discriminação das terras e evitar que se repita a violência no campo”, conclui.
Texto: Ericka Pinto
Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Imagem: Site Rádio Mundo Real FM
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