Multicampi Social prevê melhorias na qualidade de vida no Pará
Com um dos menores índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, a mesorregião do Marajó foi escolhida para a implantação do novo programa de extensão da Universidade Federal do Pará: o Multicampi Social. Por meio da união de três áreas estratégicas de atuação na região - Educação, Saúde e Assistência Social - o programa iniciará suas atividades em maio deste ano.
Ao trabalhar o tripé Educação, Saúde e Assistência Social nos municípios paraenses, o Multicampi Social visa melhorar a qualidade de vida nessas localidades. Assessorar e capacitar os atores sociais para o planejamento e execução de políticas públicas educacionais, tendo em vista a discussão e a implantação de ações ao articular as três áreas é uma das metas. Além disso, o programa também pretende criar um banco de dados para sistematizar as experiências de acompanhamento e assessoramento.
Em um primeiro momento, o projeto previa a atuação em três municípios marajoaras (Soure, Breves e Gurupá), mas após reuniões com autoridades do município de Chaves, também no Marajó, este também foi incluído no programa. <<A escolha dos municípios deu-se justamente porque o Marajó é a mesorregião paraense que agrega os municípios com os menores Índices de Desenvolvimento Humano da região, quiçá, do país>>, explica Alberto Damasceno, coordenador do Multicampi Social.
O programa se desenvolverá a partir de três subprojetos: <<Saúde e Educação>>, <<Escola que Protege>> e <<Proinfância>>, todos baseados em ações educativas. O último atuará, inicialmente, apenas no Município de Breves. Ele objetiva prevenir casos de violência física e psicológica, abandono, negligência, abuso e exploração sexual comercial e exploração do trabalho infantil por meio da construção e fortalecimento da rede de proteção da criança e adolescente. A primeira medida do Multicampi Social em Breves é a implantação de um curso de Especialização em Políticas Públicas e Movimentos Sociais, no campus da UFPA do município.
A meta é que em um ano, haja a capacitação de, pelo menos, 50 pessoas em cada município envolvido. Nesse prazo, os órgãos de gestão e controle social também já devem estar devidamente assessorados e o banco de dados sobre a rede de unidades escolares, de saúde e de Centros de referência de assistência social (CRAS) dos quatro municípios, formulado.
Para marcar o início das atividades, foi escolhido o dia 18 de maio, Dia Nacional de Luta contra a Violência à Criança e ao Adolescente. Segundo Damasceno, o município de Breves deve ser o local em que será lançado o Multicampi Social.
O programa é financiado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD – do MEC, e conta com o apoio de órgãos gestores, órgãos colegiados, entidades da sociedade civil, associações dos municípios participantes e também estudantes voluntários. A idéia é que logo sejam criadas bolsas para estudantes dos cursos de enfermagem, serviço social, nutrição e pedagogia.
Universidade Multicampi – O Multicampi Social é a nova vertente de um processo que teve início em 2005, com o Multicampi Saúde, através da integração de alunos da área da saúde (medicina, odontologia, farmácia, enfermagem etc), e também com o Multicampi Artes, que passou a incentivar a demanda pelas artes produzidas nas áreas do interior.
Segundo Regina de Fátima Feio, coordenadora da Universidade Multicampi, do ponto de vista de uma universidade com vários campi, um dos maiores objetivos de programas como este consiste em promover a integração entre os alunos do campus de Belém e os dos campi do interior. <<A proposta de nós engajarmos os alunos de cursos, principalmente da saúde e da área social, nos municípios, significa mostrar para esses alunos a realidade do estado e para a população, o que a universidade está fazendo, além de ser uma forma de contribuirmos de maneira eficaz para a melhora do desenvolvimento do estado>>, conclui.
IDH - O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa padronizada que avalia e mede o bem-estar de uma população, especialmente na infância. É um parâmetro de análise que leva em conta as taxas de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores que podem definir a qualidade de vida nos diversos países do mundo.
Desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, o IDH varia de 0 a 1, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em seu relatório anual.
Em 2005, o Brasil atingiu o índice mínimo que determina os países com as melhores condições de vida, com 0,800. Em dados avaliados no ano 2000, com o IDH médio de 0,789, o país ainda fazia parte dos países de IDH mediano (faixa que varia de 0,500 a 0,799). Ainda neste período, o Pará atingia a média de 0,723.
Três dos municípios selecionados para integrar a primeira etapa do Programa Multicampi Social, possuem o seu IDH municipal muito abaixo da média brasileira: Breves (0,630), Gurupá (0,630) e Chaves (0,581). Apenas Soure, com 0,723, obteve média similar à paraense.
IDEB – Além do IDH, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) apresentado pelos municípios marajoaras é também abaixo do desejado. Calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), o IDEB mede a qualidade da educação em três faixas da educação básica: 1ª e 2ª Fases do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Para se ter uma idéia, em 2005, o Brasil, de maneira geral, atingiu a média de 3,8 na primeira etapa do Ensino Fundamental. No mesmo período, o Pará atingiu apenas 2,8. Assim como no IDH, os municípios do Marajó envolvidos no Multicampi Social atingiram índices inferiores à média brasileira: Breves (2,1), Gurupá (2,3), Chaves (2,7) e Soure (2,9).
Texto: Íris Jatene e Hellen Pacheco - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Foto: Divulgação
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