Mulheres já são maioria nas faculdades da UFPA
Os cursos de graduação da UFPA são freqüentados por uma maioria constituída por mulheres, revelam os dados divulgados no final do último mês pelo Centro de Registro e Indicadores Acadêmicos (CIAC), da instituição. Entre os mais de 24.000 alunos matriculados nestes cursos, no primeiro semestre de 2008, há 13.476 mulheres e 11.402 homens. Portanto, na instituição há tantas alunas quantos alunos e mais um excedente de 2.074 alunas.
Estes números, comparados com os das matrículas nos últimos quatro anos, parecem mostrar que a ampla incorporação das mulheres ao ensino de graduação da UFPA resulta, de um lado, da luta delas contra os preconceitos que as afastavam de profissões antes consideradas exclusivamente masculinas, e, de outro, da invasão feminina dos campi do interior do Pará.
Há cursos, considerados, no passado, como redutos exclusivamente masculinos, como o de Engenharia Civil onde as mulheres se instalaram, preservaram a presença nele, nos últimos anos, e, embora elas, hoje, ainda sejam minoria, tendem a ocupar maior espaço no seu corpo discente. Este curso, em Belém, tem, atualmente, 154 alunas convivendo com seus 585 alunos. E, em Tucuruí, onde também foi instalado, elas ocupam quase a metade das vagas.
Como aconteceu no curso de Engenharia Civil, as mulheres se infiltraram e se firmaram no de Engenharia Elétrica, onde há 44 alunas e 303 alunos; no de Engenharia Mecânica (28 alunas e 358 alunos); no de Engenharia Naval (15 alunas e 56 alunos). No de Geologia, da capital, elas são 93, contra 120 alunos.
Em outros cursos, elas já ameaçam a maioria masculina. São 141, contra 189 alunos, no de Administração, em Belém. São 165, contra 193 alunos no curso diurno de Ciências Econômicas, da capital. São 440, contra 508 alunos, no curso também diurno de Direito, de Belém. São 81, contra 107 alunos no bacharelado de Estatística. São 102, contra 157 alunos, no bacharelado de Filosofia. São 201, contra 389 no curso à distância de Matemática, na capital.
Por outro lado, as mulheres tornaram-se maioria numa infinidade de cursos como Arquitetura, Biblioteconomia, Ciências Biológicas (em Santarém, Bragança, Soure e Altamira), Ciências Naturais (em Breves), Ciências Sociais (na capital, Marabá e Rondon do Pará); Jornalismo (na capital e em Parauapebas); Farmácia; História (em Juruti). Matemática (em Mocajuba, Santa Izabel, Tomé-Açu e Breves), Medicina Veterinária, Oceanografia e Odontologia.
Além disto, elas mantiveram-se largamente majoritárias nos seus redutos tradicionais, como nos cursos de Letras (185 alunas/45 alunos, na licenciatura de Língua Portuguesa, em Belém), Farmácia (214 alunas/103 alunos), Pedagogia (305 alunas/33 alunos, na capital), Serviço Social (460 alunas/ 43 alunos). Mas também esmagaram numericamente os homens em Nutrição (267 alunas/31 alunos), Psicologia (228 alunas/69 alunos), e, Turismo (230 alunas/82 alunos).
No curso de Medicina, há quatro anos elas preponderam sobre os alunos (490 alunas/448 alunos, em 2008).
O quadro atual da presença feminina na UFPA se distancia muito do que existia no início do funcionamento da instituição, há 51 anos. Para se dimensionar esta distância basta lembrar que a UFPA surgiu em 1957 da união de várias unidades isoladas de ensino superior. Uma delas, a Faculdade de Engenharia Civil, só recebeu sua primeira aluna, Helena Chermont Roffé, quando já funcionava havia 13 anos, sempre com turmas exclusivamente masculinas. A aluna seguinte da faculdade, Angelita Ferreira da Silva, só chegaria a ela dois anos depois da entrada de Helena. E a terceira, Deusimar Nazaré de Macedo, só três anos depois da chegada de Angelita.
A amplitude do número atual de alunas da UFPA, por conseguinte, representa a consolidação de uma verdadeira revolução cultural que se desenrola quase em silêncio no Pará - revolução que a instituição acolhe, apóia e amplia, como demonstram os números de suas matrículas.
Texto: Oswaldo Coimbra - Jornalista e pesquisador da UFPA
Foto: Divulgação.
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