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Biomedicina discute polêmicas e oferece serviços à comunidade

       O uso das células-tronco em pesquisas científicas está no cerne das discussões atuais sobre ética, moral e saber. Estas células não possuem a mesma diferenciação de outras que fazem parte do corpo humano, sendo por esta razão ainda capazes de gerar diversos tipos celulares e cópias idênticas de si mesmas. Estudiosos da chamada Medicina Regenerativa afirmam que esse é campo de estudo em expansão, abrindo possibilidades reais de cura para doenças como diabetes, Mal de Parkinson e Mal de Alzheimer.
       As células-tronco têm duas classificações. As totipotentes são aquelas que aparecem nos primeiros quatro dias de vida do embrião, ainda na barriga da mãe, e podem se diferenciar em todos os 216 tecidos que formam o corpo humano, inclusive a placenta e os anexos embrionários. A implantação de uma destas células em útero pode levar ao desenvolvimento de um organismo inteiro. As células do tipo pluripotentes aparecem a partir do quinto dia de vida e surgem quando o embrião atinge a fase de blastocisto. Este tipo de célula-tronco, não sendo capaz de gerar um organismo inteiro, é importante por poder dar origem a qualquer tipo celular, nos mais diversos tecidos do corpo.
       No processo conhecido como clonagem terapêutica (ou, tecnicamente,
transferência nuclear em células somáticas), há transferência do núcleo de uma célula qualquer (somática) do paciente para um óvulo sem núcleo. Deste modo, os cientistas poderiam produzir embriões-clones de um indivíduo, permitir seu desenvolvimento até a fase de blastocisto e daí retirar células pluripotentes que poderiam ser utilizadas no tratamento celular de algumas doenças (tais como Mal de Alzheimer, doença de Parkinson, diabetes, derrames etc). A diferença desta técnica para a chamada clonagem reprodutiva (que gerou a famosa ovelha Dolly) é que estas células são multiplicadas em laboratórios para formar tecidos e órgãos, não havendo
possibilidade de rejeição. Não há inserção em útero humano, necessária para clonar um indivíduo inteiro.
       A polêmica a respeito do uso das células-tronco nesta situação reside na necessidade de interrupção da vida do embrião, em que o cientista o "mataria" para produzir tecidos. Além disso, segundo o coordenador do curso de Biomedicina, Dr. Edmar Costa, "a preocupação gira em torno da liberação da técnica em humanos, gerando suspeitas de que seja esse um primeiro passo para o desenvolvimento completo de um embrião, com a conseqüente geração de clones humanos. Uma opção, não menos polêmica, é se trabalhar com embriões descartados em clínicas de fertilização in vitro, ou, ainda, com tecido cadavérico fetal em que não há possibilidade de desenvolvimento de embrião".
       "O potencial das células-tronco no tratamento de doenças neurodegenerativas" é tema da palestra do professor Edmar Costa na III Semana de Biomedicina, que está acontecendo desde o dia 18 e prossegue até dia 20 de novembro, no auditório Setorial Básico I da universidade. A semana pretende promover a atualização dos profissionais relacionados com as diferentes áreas que o curso oferece. Márcio Lobo, presidente do Centro Acadêmico de Biomedicina, diz que "não é um evento voltado apenas para o curso, pois abrange temas polêmicos como este. Queremos expandir as discussões".
       A semana presta serviços à comunidade, como a coleta de sangue numa unidade móvel do Hemocentro do Pará (Hemopa) - em frente ao ginásio de esportes - e o cadastramento para o Projeto Redome (Registro de Doadores de Medula Óssea) do Ministério da Saúde. Este projeto prevê a terapia celular com células-tronco da medula óssea. Após um transplante de cerca de 10% da medula óssea do doador, o receptor irá produzir novas células sadias. Um tratamento eficaz para pacientes com leucemia.
       No encerramento do evento, sábado (20), serão lançados os sities do
curso de Biomedicina e do Conselho Regional de Biomedicina da 4a região, no auditório Setorial Básico II.
Publicado em: 19.11.2004 11:00