Projeto democratiza pesquisas sobre os Marajós
A sociedade caminha, ainda com passos lentos, para uma convivência cada vez maior com o conhecimento científico. Há certa exigência social para que a produção científica se torne pública e comprometida com a melhoria da qualidade de vida. Também por parte dos pesquisadores se inicia uma conscientização de que o conhecimento produzido não deve se restringir à academia e que a ciência precisa dar respostas aos investimentos da sociedade.
Essa dupla consciência é o eixo do projeto Por Campos e Florestas: Pesquisa e Produção de Saberes Arqueológicos, Culturais e Históricos nos ‘Marajós’. Coordenado pelos professores da Universidade Federal do Pará (UFPA) Doutora Denise Pahl Schaan e Mestre Agenor Sarraf Pacheco, o projeto pretende popularizar as pesquisas sobre o Arquipélago do Marajó através da produção de material didático interdisciplinar para alunos do ensino básico dos municípios que compõem a meso-região marajoara. “Há uma distância muito grande entre o conhecimento que a gente produz dentro da universidade e aquilo que chega à sociedade. Geralmente, a gente publica em revistas científicas, em livros, mas isso não chega até as pessoas”, afirma Denise Schaan.
A idéia, então, é montar coletâneas de textos e outros recursos didáticos para a utilização nas salas de aula dos municípios marajoaras. Os textos e demais materiais serão produzidos pelos próprios professores da rede básica de ensino dos municípios. Para tanto, o projeto está se operacionalizando em três etapas.
Executando o projeto
A primeira fase aconteceu de 26 a 30 de maio e consistiu no Curso de Educação de Professores Pesquisadores. Compareceram, no total, 59 professores das áreas de Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências e Estudos Amazônicos, de 11 municípios marajoaras (Salvaterra, Soure, Ponta de Pedras, Muaná, Chaves, Anajás, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Portal e Breves). O curso foi ministrado em dois pólos do Marajó ao mesmo tempo: em Soure, para os professores dos municípios do Marajó dos Campos, e em Breves, para os do Marajó das Florestas.
A partir dessa orientação, os professores começaram a propor temáticas a serem estudadas, como pajelança, culinária, benzedeiras, dentre outras. Assim, nos meses de junho, julho e agosto, eles foram a campo fazer as pesquisas e coletar informações e objetos de estudo. Em agosto, os pesquisadores da UFPA visitaram os municípios para auxiliar no andamento das pesquisas, que renderam textos prévios sobre o que foi observado e constatado em campo.
A terceira fase do projeto começou nesta terça-feira (08) e vai até o dia 12 de setembro, no Auditório Setorial Básico, no Campus de Belém. Todos os professores estão se reunindo para a finalização dos textos e sistematização de outros materiais didáticos, como jogos, vídeos e atividades educativas. Com a oficina de Produção de Textos e Material Didático-Pedagógico, a escrita dos livros será concluída, os conhecimentos produzidos serão socializados e haverá sugestões de exercícios e métodos de ensino-aprendizagem para a aplicação dos conteúdos em cada disciplina.
Ao final, tudo o que for produzido será revisado, organizado e impresso. No início de 2009, os materiais serão distribuídos para as escolas municipais do Arquipélago do Marajó. A equipe que coordena o projeto retornará às localidades marajoaras para divulgar e incentivar a utilização dos livros didáticos e demais recursos pedagógicos nas turmas de ensino fundamental e médio. Para o professor Agenor Sarraf, vice-coordenador do projeto, o incentivo ao uso desse material é fundamental para que tanto os professores que trabalharam nele não se desestimulem após a conclusão do material, como outros professores tomem conhecimento do que foi produzido e passem a valorizar, cultivar e usar esse saber.
Ainda está prevista a publicação de um site onde ficarão disponíveis para acesso todos os conteúdos e produtos do projeto, inclusive os livros didáticos, a fim de viabilizar que o material seja democratizado também para todos os interessados em conhecer a diversidade histórico-cultural marajoara.
Texto: Suzana Lopes - Assessoria de Comunicação UFPA
Foto: Divulgação Google
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