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Pesquisadora estuda história do romance no Brasil do século XIX

   
     Texto: Fabrício Mattos, estagiário da Agência de Notícias UFPA

     Um novo olhar sobre a história literária brasileira é necessário. Autores que geralmente não tinham grande projeção social ou não circulavam entre os intelectuais do século XIX são geralmente desconsiderados pela história da literatura. Para tentar reverter esse quadro na formação literária brasileira, a doutora em Teoria e História Literária Germana Sales, professora do departamento de Língua e Literaturas Vernáculas da UFPA, desenvolve o projeto “História do romance no Brasil: século XIX”. Um dos objetivos do projeto é recuperar e preencher as lacunas do cânone da história literária, além de tentar traçar um panorama do leitor da época e resgatar o papel da mulher escritora, que há cem anos podiam aprender a ler, mas, de acordo com as normas socialmente impostas, não poderiam escrever. A voz das mulheres aparecia em romances como “Lésbia”, de Maria Benedita Borba, que trata sobre as dificuldades que uma escritora da época tinha em publicar seus livros. “Era o momento da independência feminina. Elas trabalhavam enfatizando a questão das minorias e dos preconceitos sociais”, lembra a professora.
     Para estudar a formação de um público leitor da época, o projeto analisa também os espaços de democratização da leitura, como os gabinetes de leitura (que também serviam como escolas noturnas). No Pará, um exemplo é o Grêmio Literário Português. “Queremos buscar o leitor comum, que existe independente da classe social”, afirma Germana. Nesse sentido, o projeto busca entender o leitor implícito, isso é, deduzido a partir das referências históricas dos livros que entravam no Brasil e dos que eram vendidos nos catálogos de famosos livreiros.
     A segunda parte do projeto pretende enfocar mais a literatura publicada no Pará, durante o século XIX e início do XX, percebendo as manifestações literárias por meio dos folhetins, tidos como um gênero menor de literatura na época, assim como os romances - ambos considerados “leituras femininas”. Enquanto isso, a poesia e a filosofia (as chamadas “belas artes”) eram apreciadas pelos homens. Nessa época, “A prosa de ficção geralmente era publicada em folhetim, pois o jornal era mais barato que o livro e fomentava a prática da leitura. Mesmo algumas obras que tinham a primeira edição publicada em livros apareciam depois em folhetim”, explica Germana.
No projeto, a professora orienta trabalhos de conclusão de curso, iniciação científica e dissertações de mestrado, desenvolvendo trabalhos baseados na pesquisa. Germana desenvolveu também um mapa literário sobre os autores e periódicos da época. Para acessá-lo é só entrar no site: www.unicamp.br/iel/memoria/teses

Publicado em: 23.12.2004 11:39