“Cidades Ribeirinhas” discute ordenamento espacial na Amazônia
Quando se fala em Amazônia, qual a primeira coisa que vem à mente ? Floresta, vegetação densa, exotismo. Um elemento que jamais poderá ser esquecido, nesse contexto, é a água. Seja figurando como fonte das encantarias que permeiam à cultura amazônica, seja como meio de subsistência do amazônida. A água, mais precisamente, os rios são vias de desenvolvimento local desde o período de exploração da colônia até os tempos mais recentes.
Com o objetivo de expor o quadro de ordenamento amazônico a partir dos núcleos populacionais instalados ao longo dos rios, a publicação “Cidades Ribeirinhas na Amazônia: mudanças e permanências”, organizada pelos Geógrafos da UFPA Saint-Clair Trindade e Maria Goretti Tavares, traz uma coletânea de artigos que discute questões relacionadas às cidades adjetivadas como ribeirinhas, na conjuntura regional.
O livro reúne pesquisas realizadas na orla de Belém, Mosqueiro, Outeiro entre outras, e fala sobre a integração da Amazônia ao resto do Brasil como um processo que se deu de forma desigual entre as cidades ribeirinhas da região. Em algumas localidades, há uma intercessão entre o rural e o urbano ao mesmo tempo em que ocorre um descompasso entre desenvolvimento e infra-estrutura local. Para o professor Saint-Clair Trindade, na tentativa de atender ao turismo a partir de um resgate da vida ribeirinha, acontece uma negação da mesma. “As políticas urbanas enxergam o rio como um elemento contemplativo, voltar a cidade para o rio significa fazer uma orla como a de Copacabana”, critica o professor.
Saint-Clair ressalta que, no caso de Belém, a metrópole apresenta um belo aeroporto, uma rodoviária que atende às necessidades da população, mas não tem um bom porto. “É necessário abrir portas que vinculem as cidades aos rios e potencializar essa infra-estrutura. Para o amazônida, o rio é mais que contemplação, é circulação, lazer, mitos, cultura e sobrevivência”, enfatiza.
O geógrafo estudou a orla da capital paraense. Ele começou a pesquisar sobre o assunto no desenvolvimento do projeto Beira Rio de Belém, vinculado ao NAEA (Núcleo de Altos Estudos Amazônicos) da UFPA, no qual analisou os usos do solo portuário, as feiras e as políticas voltadas para as orlas a partir de obras como o “Ver-o-Rio”, Estação das Docas, orla de Icoaraci. “As pesquisas foram realizadas por meio de entrevistas e estudos etnográficos”, conta Saint-Clair.
Já a professora Maria Goretti Tavares estudou as ilhas de Mosqueiro e Outeiro, “pesquisei os impactos do desenvolvimento em Mosqueiro e as práticas socioambientais da população tradicional em Outeiro”, explica a Geógrafa. Ela fala que partiu do questionamento “o que o urbano significa no contexto ribeirinho?” para entender a condição, muitas vezes, “invisível” dessas populações. “Durante certo período, houve um estudo significativo sobre os ribeirinhos em função de grandes projetos. Hoje, a Geografia está resgatando isso”, afirma a pesquisadora.
No cenário de interação entre o rio e o urbano, Saint-Clair Trindade conta que é importante ressaltar a diferença entre cidades ribeirinhas, que são aquelas que ainda mantêm uma forte ligação com o espaço fluvial tanto nas práticas socioeconômicas quanto nas culturais, e cidades beira-rios que já perderam essa articulação. Segundo o professor, “Belém tem uma tendência a se tornar beira-rio, principalmente se tomarmos como parâmetro a orla sul da cidade”, diz.
Para o Geógrafo, a melhor maneira de se manter rio e urbano articulados é reconhecer o local a partir de uma cartografia densa. “Os espaços às margens dos rios precisam ser bem olhados, pois atuam como lugar de circulação de mercadoria, de trocas simbólicas. São como vários “Ver-o-pesos” paralelos de natureza aparentemente caótica, mas que têm grande importância”, finaliza.
“Cidades Ribeirinhas na Amazônia: mudanças e permanências” reúne, além dos trabalhos de Saint-Clair Trindade e Maria Goretti Tavares, produções de mestrandos da UFPA e pesquisas de professores das universidades UFAP, UFAM, UEPA e UERJ.
Serviço:
“Cidades Ribeirinhas na Amazônia: mudanças e permanências” está disponível na Editora da UFPA (EDUFPA).
Texto: Tamiles Costa – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Com o objetivo de expor o quadro de ordenamento amazônico a partir dos núcleos populacionais instalados ao longo dos rios, a publicação “Cidades Ribeirinhas na Amazônia: mudanças e permanências”, organizada pelos Geógrafos da UFPA Saint-Clair Trindade e Maria Goretti Tavares, traz uma coletânea de artigos que discute questões relacionadas às cidades adjetivadas como ribeirinhas, na conjuntura regional.
O livro reúne pesquisas realizadas na orla de Belém, Mosqueiro, Outeiro entre outras, e fala sobre a integração da Amazônia ao resto do Brasil como um processo que se deu de forma desigual entre as cidades ribeirinhas da região. Em algumas localidades, há uma intercessão entre o rural e o urbano ao mesmo tempo em que ocorre um descompasso entre desenvolvimento e infra-estrutura local. Para o professor Saint-Clair Trindade, na tentativa de atender ao turismo a partir de um resgate da vida ribeirinha, acontece uma negação da mesma. “As políticas urbanas enxergam o rio como um elemento contemplativo, voltar a cidade para o rio significa fazer uma orla como a de Copacabana”, critica o professor.
Saint-Clair ressalta que, no caso de Belém, a metrópole apresenta um belo aeroporto, uma rodoviária que atende às necessidades da população, mas não tem um bom porto. “É necessário abrir portas que vinculem as cidades aos rios e potencializar essa infra-estrutura. Para o amazônida, o rio é mais que contemplação, é circulação, lazer, mitos, cultura e sobrevivência”, enfatiza.
O geógrafo estudou a orla da capital paraense. Ele começou a pesquisar sobre o assunto no desenvolvimento do projeto Beira Rio de Belém, vinculado ao NAEA (Núcleo de Altos Estudos Amazônicos) da UFPA, no qual analisou os usos do solo portuário, as feiras e as políticas voltadas para as orlas a partir de obras como o “Ver-o-Rio”, Estação das Docas, orla de Icoaraci. “As pesquisas foram realizadas por meio de entrevistas e estudos etnográficos”, conta Saint-Clair.
Já a professora Maria Goretti Tavares estudou as ilhas de Mosqueiro e Outeiro, “pesquisei os impactos do desenvolvimento em Mosqueiro e as práticas socioambientais da população tradicional em Outeiro”, explica a Geógrafa. Ela fala que partiu do questionamento “o que o urbano significa no contexto ribeirinho?” para entender a condição, muitas vezes, “invisível” dessas populações. “Durante certo período, houve um estudo significativo sobre os ribeirinhos em função de grandes projetos. Hoje, a Geografia está resgatando isso”, afirma a pesquisadora.
No cenário de interação entre o rio e o urbano, Saint-Clair Trindade conta que é importante ressaltar a diferença entre cidades ribeirinhas, que são aquelas que ainda mantêm uma forte ligação com o espaço fluvial tanto nas práticas socioeconômicas quanto nas culturais, e cidades beira-rios que já perderam essa articulação. Segundo o professor, “Belém tem uma tendência a se tornar beira-rio, principalmente se tomarmos como parâmetro a orla sul da cidade”, diz.
Para o Geógrafo, a melhor maneira de se manter rio e urbano articulados é reconhecer o local a partir de uma cartografia densa. “Os espaços às margens dos rios precisam ser bem olhados, pois atuam como lugar de circulação de mercadoria, de trocas simbólicas. São como vários “Ver-o-pesos” paralelos de natureza aparentemente caótica, mas que têm grande importância”, finaliza.
“Cidades Ribeirinhas na Amazônia: mudanças e permanências” reúne, além dos trabalhos de Saint-Clair Trindade e Maria Goretti Tavares, produções de mestrandos da UFPA e pesquisas de professores das universidades UFAP, UFAM, UEPA e UERJ.
Serviço:
“Cidades Ribeirinhas na Amazônia: mudanças e permanências” está disponível na Editora da UFPA (EDUFPA).
Texto: Tamiles Costa – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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