Sespa e Barros Barreto promovem curso sobre hantavirose
Preocupados com a elevação do número de casos de hantavirose registrados no Pará, o Departamento de Controle de Endemias da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio do GT-Zoonoses, e o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB)/UFPA vão realizar, no dia 25 de outubro , um Curso de Capacitação em Hantavirose para médicos e enfermeiros.
O evento acontecerá no Centro de Estudos do HUJBB e é destinado prioritariamente a profissionais de saúde, que atuam em serviços de urgência e emergência e hospitais gerais públicos e privados do Estado. O objetivo é preparar esses profissionais para o diagnóstico precoce e tratamento eficaz de pacientes com hantavirose, reduzindo o risco de óbito.
A hantavirose é causada pelo hantavírus, um vírus encontrado exclusivamente em ratos silvestres, que vivem em áreas rurais. A transmissão ocorre quando a pessoa respira a poeira das fezes, urina ou saliva de animais contaminados, principalmente, em ambientes fechados. A doença não é transmitida de pessoa para pessoa.
Os principais sintomas são febre acima de 38 graus, dores musculares e dificuldade de respirar, desde que o paciente tenha estado na zona rural nos últimos 60 dias. Apesar do risco de morte, a hantavirose tem cura, mas é fundamental procurar atendimento médico aos primeiros sintomas.
Os moradores de áreas rurais, agricultores, caçadores, pescadores e pessoas que adentram as matas são as que mais correm risco de contrair a doença. Ainda não existe vacina contra a hantavirose, por isso, a prevenção é a única forma de evitar a doença, ou seja, não respirar a poeira de ambientes fechados há muito tempo, manter limpo o entorno das casas além de outras medidas de higiene ambiental.
Segundo o médico veterinário, Reynaldo da Silva Lima, do GT-Zoonoses da Sespa, a hantavirose é uma zoonose emergente, que vem preocupando as autoridades sanitárias de todo o mundo. Sua ocorrência tem relação direta com distúrbios ecológicos, como desmatamentos e alterações em ecossistemas associados ao comportamento econômico, social e cultural do homem e à crescente expansão da fronteira agrícola.
Pará já registrou 52 casos de hantavirose
No Pará, o primeiro caso foi registrado em 1995, em uma área de garimpo da localidade de Castelo dos Sonhos, em Altamira. A partir de 2005, houve aumento significativo de casos em áreas onde ocorreu impacto ambiental.
De 2005 a junho de 2008, foram confirmados laboratorialmente no Pará, 52 casos de hantavirose com 23 óbitos. A maioria dos pacientes era do sexo masculino, na faixa etária entre 19 e 45 anos, trabalhadores rurais ou expostos a atividades extrativistas ou de agropecuária.
Todos os casos até o momento tiveram como local provável de infecção a zona rural. "Estima-se que para cada caso novo confirmado, cinco outros casos aconteceram sem registro, o que pode estar elevando consideravelmente o percentual de óbitos sem assistência médica nas áreas rurais", disse Reynaldo.
Conforme o veterinário, nos últimos cinco anos, os municípios de Guarantã do Norte e Colider, em Mato Grosso vêm recebendo com mais freqüência pacientes dos municípios de Novo Progresso e Altamira, com sinais e sintomas compatíveis aos de hantavirose, que foram confirmados com diagnóstico laboratorial.
Reynaldo alerta que a doença tem manifestações clínicas semelhantes a de outros agravos como dengue, Influenza, leptospirose, pneumonia, malária, febre amarela, hepatite e outras, porém quando não diagnosticada precocemente, evolui rapidamente para a forma grave e nesse estágio há necessidade de estrutura especial de saúde. "A falta de suporte para o primeiro atendimento do paciente em tempo tem acarretado óbitos", observou.
Ele informou, ainda, que com o aumento do atendimento de pacientes de Altamira e Novo Progresso em Mato Grosso, a Secretaria Estadual do Mato Grosso convidou representantes da Sespa para uma oficina em Tangará da Serra, em maio deste ano, para discutir a situação epidemiológica e dividir responsabilidades em desenvolver medidas de controle desse agravo.
Assim, com a finalidade de preparar os profissionais de saúde para o atendimento de casos suspeitos de hantavirose, o Curso de Capacitação em Hantavirose contará com a presença da médica Marília Lavocat Nunes, coordenadora nacional de Controle da Hantavirose do Ministério da Saúde; do médico Marcos Vinícius, do Hospital Emílio Ribas; da médica Andréia Roleto Dias, do Mato Grosso; da médica Elizabeth Salbé, do Instituto Evandro Chagas e dos médicos veterinários Reynaldo Lima e Fernando Esteves, do GT Zoonoses da Sespa. As inscrições podem ser feitas na Coordenadoria Acadêmica do HUJBB. Informações: (91) 3201-6652.
Texto: Roberta Vilanova/HUJBB
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