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Professor comenta leituras obrigatórias do vestibular UFPA

Camões, Fernando Pessoa, Machado de Assis. Que estudante nunca se viu mergulhado no universo desses autores das literaturas portuguesa e brasileira, principalmente no período do vestibular?  O professor Pós-Doutor Sílvio Augusto de Oliveira Holanda, do Instituto de Letras e Comunicação da UFPA, conta que, no que diz respeito aos textos escolhidos para o Processo Seletivo, depois de superada a barreira da linguagem antiga dos escritos, o aluno se depara com temas sempre atuais.

 

Sílvio Holanda explica que há um processo criterioso na escolha das leituras que irão compor o conteúdo programático das provas, “essas leituras são escolhidas por meio de uma grande discussão que abarca os nossos colegas das outras instituições, sobretudo das públicas, como ,por exemplo, da UEPA. A partir de um protocolo de integração entre as universidades, existe a tentativa de aproximação dos programas”, diz. Sílvio ressalta que essa parceria entre as IES (Instituições de Ensino Superior) traz vantagens tanto para o aluno, quanto para o professor.

 

1ª Fase

 

A prova do PSS1 ocorre no dia 7 de dezembro. Segundo o professor Sílvio Holanda, a maior dificuldade encontrada nessa etapa se dá em relação ao aluno que acabou de sair da 8ª série do Ensino Fundamental e tem que lidar com textos muito antigos, com um português arcaico ou medieval. No entanto o professor ressalta que as palavras que não fizerem parte da linguagem contemporânea serão esclarecidas na questão. “Esse é um detalhe importante porque o primeiro assunto de literatura são as cantigas de amigo e de amor, algumas têm 800 anos. O papel do professor é fazer exatamente essa mediação entre a Idade Média e a contemporaneidade”, afirma.

 

Sílvio conta que o professor do Ensino Médio, em geral, utiliza estratégias para aproximar as cantigas do estudante, “há muitos textos da própria música popular brasileira dialogando com essa realidade. Por exemplo, existem algumas letras do Chico Buarque em que ele se coloca ,poeticamente, como mulher para estabelecer uma comparação com as cantigas”, fala. Por outro lado, Holanda enfatiza que os textos trabalhados no vestibular são sempre originais. “Não trabalhamos, em hipótese alguma, com textos adaptados, resumidos ou condensados. O aluno deve ter aquela preparação geral do vestibular, informações básicas sobre cantiga, sobre Gil Vicente e ficar tranqüilo pois será avaliado na sua capacidade de ler e interpretar”, salienta o professor.

 

Holanda conta que vencida a etapa das cantigas, o aluno encontra o autor português Gil Vicente em “O velho da Horta”, século XVI.  Ele explica que, apesar de antiga, o tema da obra é bastante atual. “Nesse texto, nós temos a paixão de um velho por uma moça muito jovem, narrada por meio de situações cômicas. Existe a dificuldade da linguagem, mas quando o aluno vence essa barreira, ele ri e consegue ter essa interação com a obra”, comenta o professor. Sílvio revela que o vestibular tem dado preferência a um Gil Vicente mais cômico, “trocamos o ‘Auto da Índia’ pelo ‘O Velho da Horta’, o que foi uma decisão consensual”.

 

Ainda no PSS 1, o professor destaca o episódio de Inês de Castro de “Os Lusíadas”, “o aluno não terá grandes dificuldades porque é um trecho curto, com poucas estrofes, da 118 a 135. O tema de Inês de Castro apaixonada por Dom Pedro é, em geral, bastante conhecido”, diz. Quanto à Literatura Brasileira, Sílvio Holanda sugere que o vestibulando atente para a obra de Gregório de Matos. “Acho fundamental enfatizar que Gregório tem várias facetas, temos o mesmo autor se manifestando por vários gêneros, como pelo lirismo e pela sátira”. Holanda explica que o lirismo seria a expressão de sentimentos tais como saudade, amor e outrs. Já a sátira seria a crítica aos costumes. “O que é interessante é que, a essa altura, o aluno já está estudando História. O Gregório viveu no século XVII, aproveitando essa questão histórica, e foi um observador das nossas mazelas sociais, do período colonial e isso tudo se reflete na sátira”, analisa.

 

2ª Fase

 

No PSS 2, que acontece no dia 11 de janeiro de 2009, o professor Sílvio Holanda diz que há a predominância das narrativas do Romantismo e do Realismo basicamente. O teatro, representado pelo “O Velho da Horta” no PSS1, agora cede lugar à obra “Juiz de Paz na Roça”, de Martins Pena, comédia do século XIX.

 

Quanto às estratégias utilizadas pelos professores, Sílvio recomenda o cinema como um meio alternativo de transmitir a obra aos estudantes. “No caso de ‘Amor de Perdição’, de Camilo Castelo Branco, há um filme sobre a história”, fala o professor. Para a prova, ele destaca ainda “O Alienista”, de Machado de Assis e as relações de loucura e poder contidas na obra e “José Matias”, de Eça de Queiroz, “esse é um conto realista, no qual o narrador faz críticas ao protagonista que é romântico”, enfatiza. Na poesia, Sílvio salienta os poemas realistas de Cesário Verde e o parnasiano Olavo Bilac.

 

Quanto à Literatura Amazônica, seu representante na segunda etapa do PSS é Inglês de Souza, conta Holanda. Segundo o professor, os contos “Voluntário", “Acauã” e “Quadrilha de Jacó Patacho” trazem a relação entre História e imaginário popular na Literatura. A obra de Inglês foi recentemente reeditada pela EDUFPA.

 

3ª Fase

 

No PSS 3, dia 1º de fevereiro de 2009, será a vez do Simbolismo e do Modernismo na Literatura, fala Sílvio. O Simbolismo de Camilo Peçanha e Alphonsus Guimaraens, sendo que este, ainda com resquícios de temas religiosos, merece destaque.

 

Sílvio Holanda ressalta, na poesia modernista, Fernando Pessoa no heterônimo “Alberto Caeiro”, o poeta do sentir, e Manuel Bandeira com o tema da morte expresso por meio de uma linguagem simples. Na prosa, o Modernismo será representado por José Saramago no conto "Embargo", que aborda a dependência do homem em relação à máquina; por Guimarães Rosa em “Campo Geral” e pelo teatro de Nelson Rodrigues em “Vestido de Noiva”, conto de 1943.

 

Além das obras citadas, Sílvio Holanda menciona, ainda, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos e a Literatura Amazônica nos poemas de Mário Faustino.

 

Texto: Tamiles Costa – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA 

Publicado em: 26.11.2008 15:05