Fórum Social Mundial chega pela primeira vez à Amazônia
No final da década de 90, importantes vitórias contra os defensores do avanço da globalização neoliberal fizeram com que alguns movimentos sociais de diversos países sentissem a necessidade de promover um encontro com amplitude internacional para se contrapor ao Fórum Econômico Mundial de Davos (encontro anual da elite econômica e política do planeta, realizado no mesmo período de tempo - mês de janeiro - na Suíça). Diante disso, nasce, em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial (FSM).
Com o lema "Um outro mundo é possível", o FSM é um espaço aberto – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, organizado por movimentos sociais, que estimula o debate de ideias, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos sociais engajados na construção de um mundo mais solidário, democrático e justo, por meio de alternativas que favoreçam o desenvolvimento humano e a melhoria das condições de vida em países subdesenvolvidos. O Fórum sempre é realizado em datas que coincidam com o Fórum Econômico Mundial, que vem, desde 1971, desempenhando um papel estratégico na formulação do pensamento dos que promovem e defendem as políticas neoliberais em todo o mundo.
O FSM é realizado anualmente. O primeiro ocorreu em 2001, na cidade de Porto Alegre, sul do país. O Comitê Organizador do primeiro Fórum foi formado por oito entidades brasileiras, que, até os dias de hoje, apóiam e dão suporte ao processo do FSM. O evento contou com 20 mil participantes e nele foi realizada a I Ciranda Internacional da Informação Independente, uma cobertura conjunta do evento por algumas mídias alternativas de diferentes países que decidiram compartilhar seus conteúdos e disponibilizá-los para livre reprodução através da Internet.
Após o sucesso da primeira edição, verificou-se a necessidade de dar continuidade ao FSM. Dessa forma, o Comitê Organizador do evento propôs o estabelecimento de uma Carta de Princípios de maneira a garantir o Fórum como um espaço e processo permanente na busca da construção de alternativas para a melhoria das condições sociais em âmbito mundial. Para tornar possível a articulação do processo internacionalmente, constituiu-se, em 2001, o Conselho Internacional (CI) do Fórum, integrado por redes temáticas, movimentos e organizações que acumulam conhecimento e experiência na busca por outros meios à globalização neoliberal.
No ano seguinte, o Fórum continuou em Porto Alegre, mas, desta vez, com 30 mil participantes a mais que na primeira edição. A II Ciranda crescia como uma ferramenta de alimentação coletiva de um site de cobertura conjunta em seis idiomas. Em 2003, o FSM foi realizado, pela terceira vez consecutiva, em Porto Alegre, sendo que houve o dobro de participantes em relação ao ano anterior. A Ciranda, nessa edição, promoveu encontros preparatórios, um seminário e a montagem de uma redação jornalística.
A crise política internacional em 2003, gerada pelos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e a iminente invasão do Iraque pelos Estados Unidos, impôs um novo objetivo ao FSM: a luta contra a guerra e pela paz. Para dar maior dimensão e articulação política a essa luta, o Fórum Social identificou o aprofundamento de seu caráter internacional como uma tarefa estratégica. Foi assim que, em 2004, o Fórum saiu de Porto Alegre e foi para Mumbai, na Índia. Nesse ano, 111 mil pessoas participaram do evento que teve uma novidade em sua metodologia: a inclusão, na programação, de grandes atividades (como painéis, conferências e mesas-redondas) autogeridas pelas organizações inscritas no FSM.
Na sua quinta edição, o Fórum Social voltou a Porto Alegre e com um número bem maior do que o da primeira vez em que o evento foi sediado na cidade: 155 mil participantes. Nesse ano, houve duas novidades: a primeira ficou por conta da Ciranda que se interconectou com o Fórum de Rádios, Fórum de TV's e Laboratório dos Conhecimentos Livres. A outra novidade foi referente à metodologia do evento, aprovada pelo Conselho Internacional em abril de 2004, que passou a ter uma Consulta Temática por meio de um questionário amplamente divulgado, buscando identificar quais lutas, questões, problemas, propostas e desafios as diversas organizações participantes consideravam importante discutir no Fórum 2005 e que atividades tinham a intenção de organizar em Porto Alegre. Disso, resultaram 11 espaços temáticos que organizaram todas as atividades daquele Fórum.
O VI FSM não foi em apenas uma cidade, mas em três: Bamako (Mali - África), Caracas (Venezuela – América) e Karachi (Paquistão – Ásia), este último adiado por dois meses devido a um forte terremoto no país. Cada país teve a sua própria metodologia, consulta temática e programação.
O Fórum de 2007 foi realizado em Nairóbi, Quênia. Uma característica da metodologia desse Fórum foi a definição de um quarto dia de atividades, voltado para a apresentação e socialização das propostas de ações que resultaram das reflexões durante as atividades autogestionadas, realizadas nos dias anteriores. No ano seguinte, não houve FSM nos moldes em que vinha sendo realizado, o que ocorreu foi a Semana de Mobilização Global, culminando em um Dia de Ação Global, em 26 de janeiro de 2008.
Nessa data, entidades, movimentos e pessoas participantes do processo FSM fizeram ações, atividades, eventos, performances e convergências sobre temas e em formatos que escolheram nos quatro cantos do planeta.
O FSM 2009 será realizado, pela primeira vez, na Amazônia, em Belém do Pará. A decisão foi tomada pelo Conselho Internacional do Fórum em reunião realizada em Berlim, na Alemanha, em 2007.
Texto: Raphael Freire – Assessoria de Comunicação da UFPA
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