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Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entra em vigor

Os 220 milhões, aproximadamente, de falantes do português terão três anos para adaptarem-se às novas regras da escrita do idioma. Com o Acordo Ortográfico em vigor desde o início deste ano e assinado pelas oito nações integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 0,5% das palavras do português brasileiro sofrem alterações na grafia, seja por perda de acentos, seja por hifens. O objetivo é padronizar a escrita da língua nos países onde ela é falada, a fim de facilitar a comunicação e o intercâmbio cultural.

 

O filólogo Antônio Houaiss foi o maior entusiasta brasileiro de uma padronização da escrita do português. Ele liderou, em 1990, a elaboração do Acordo Ortográfico entre sete países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe). De lá para cá, são quase vinte anos de negociações para que essas nações (além do Timor-Leste, agora incluído), efetivamente, aplicassem as novas regras ortográficas.

 

“Toda língua materna sofre influências externas, sociais, culturais, geográficas, políticas. São essas influências que justificam a língua portuguesa possuir diferenças nos vários países. Nós vamos ver agora, na prática, se esse acordo vai conseguir padronizar a escrita do português”, afirma a linguista Ana Lygia Cunha, professora da graduação e da pós-graduação em Letras da UFPA.

 

Para ela, a padronização da escrita do português não causará grandes impactos no conjunto geral da língua. “A ortografia é apenas uma parte da língua. A tentativa de unificá-la não vai impedir que haja diferenças no cotidiano da língua portuguesa nos países onde ela é falada”, acredita.

 

Principalmente para o português brasileiro, as mudanças são mínimas (em apenas 0,5% do vocabulário) e não atingem o nível da fala. A perda do acento agudo nos ditongos abertos de paroxítonas (palavras com a penúltima sílaba tônica), como em ideia e jiboia, alterará só a grafia das palavras e não suas pronúncias. Da mesma forma, a extinção do trema não afetará a pronúncia do fonema “u” nas palavras linguiça e consequência, por exemplo.

 

O Acordo também inclui novas regras de utilização do hífen, extingue alguns acentos diferenciais e acrescenta as letras “k”, “y” e “w” ao alfabeto português. Confira mais normas, clicando aqui
 


O governo brasileiro já se prepara para adaptar os livros didáticos da rede pública de ensino às novas normas ortográficas. A previsão é que, em 2010, os livros distribuídos para o Ensino Fundamental, do 1° ao 5° ano, já estejam atualizados. Em 2011, a adaptação chegará aos livros do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental. E, em 2012, último ano para que os países se adaptem, os livros chegarão ao Ensino Médio.

 

Até dezembro de 2012, serão válidas tanto a antiga como a nova grafia do português. É certo que o processo de ensino-aprendizagem terá que incorporar as novas regras ortográficas, mas a gramática é apenas um dos conteúdos que o processo abrange. “É preciso garantir qualidade no ensino para que o nosso aluno tenha domínio da forma padrão da língua. No entanto, o mais importante nisso tudo é que, tendo esse domínio, ele possa escolher o nível de linguagem mais adequado a cada situação”, enfatiza a professora.

 


Texto: Suzana Lopes – Assessoria de Comunicação Institucional

Publicado em: 16.01.2009 13:32