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Profissionais da saúde são alguns dos mais propensos à síndrome do estresse ocupacional

       Texto: Alan Araguaia, estagiário da Agência de Notícias da UFPA
       Foto: Alexandre Moraes

 

       Sob uma rotina de pressões, esgotamento físico e mental, os profissionais da área de saúde estão muito propensos a desenvolver o “Burnout”, síndrome do estresse ocupacional. As longas jornadas de trabalho, baixos salários, sentimento de desqualificação, conflito entre trabalho e família são algumas das principais causas apontadas pelas pesquisadoras Airle Souza, Eduarda Coutinho e Fernanda Neves, que analisaram as condições de saúde dos profissionais da área de saúde em grandes hospitais de Belém, pesquisa vinculada ao projeto “Instituição, família e saúde mental”. “Essas pessoas que têm a missão de cuidar do bem estar de outras acabam por não ter tempo para se preocupar consigo mesmas”, afirmou Fernanda Neves, na exposição de seu trabalho, durante a Jornada de Psicologia Social, que aconteceu esta semana na UFPA.
       O “Burnout” é uma doença que passa por três fases: fase de alarme, cujos sintomas são aceleramento dos batimentos cardíacos, sudorese e estado de alerta constante; fase intermediária, que consiste em mudança de comportamento e insônia; por fim a exaustão, fase crítica do estresse ocupacional, na qual surgem doenças emocionais e cardíacas crônicas que podem levar à morte. Pessoas que precisam freqüentemente se relacionar com outras, como é o caso dos profissionais de saúde, são as mais acometidas pela síndrome. “No caso deles, a tensão envolvida no trabalho é um sério agravante”, diz Fernanda Neves.
       Como resultados da pesquisa, elas montaram duas escalas. A primeira indicava o nível de estresse do profissional, conforme a identificação do seu quadro com 32 sintomas enumerados. A segunda analisava a probabilidade de o profissional contrair doenças a partir do levantamento dos fatos acontecidos nos últimos doze meses de sua vida. Foram perguntas como “tirou férias ultimamente?”, “recebeu multas de trânsito?” e “você se considera estressado?”. Se o entrevistado somasse mais de trezentos pontos na escala, teria 79% de chances de contrair doenças devido ao estresse. Também foi feita uma pesquisa com duzentos médicos de Belém, na qual foi constatado que 60% sofrem de insônia, 40% tomam tranqüilizantes e 38% sofrem de impotência sexual. Os médicos ainda aparecem em segundo lugar nos maiores índices de alcoolismo, atrás apenas dos jornalistas.
       Além de saber lidar com os problemas de sua vida pessoal, o profissional de saúde necessita de um ambiente adequado para trabalhar. “O trabalhador num ambiente de pressão na qual não satisfaz suas necessidades, tende a contrair estresse e decair no seu desempenho profissional”, explica Fernanda Neves. Desde fatores como climatização inadequada, ruídos, poluição, até problemas de relacionamento com chefia, colegas e pacientes, falta de cooperação da equipe e pouca autonomia no desempenho profissional, são condições que ajudam a explicar o “Burnout”. “As empresas de saúde precisam reconhecer que o psicólogo é imprescindível, mas não é um mágico. Se não houver um bom funcionamento da empresa, o nosso trabalho se torna inviável”, comentou a psicóloga Airle Miranda, co-autora da pesquisa.

Publicado em: 18.03.2005 15:27