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Quilombolas de Itacoã fazem feira do peixe vivo na UFPA

       Texto: Assessoria de Comunicação do Bolsa Amazônia

       Foto: João Sérgio

 

       Uma tonelada e meia de tambaqui regional com gostinho de responsabilidade social. Essa foi a oferta da comunidade quilombola de Itacoã, no Acará (PA), para a Semana Santa dos belenenses. Com apoio do Programa Pobreza e Meio Ambiente (Poema), da UFPA, e do Programa Raízes, do Governo do Estado, foi possível realizar, nesta quarta-feira (23), pela segunda vez, a Feira Quilombola do Peixe Vivo.
       O peixe vendido durante toda a manhã na Capela Universitária da UFPA é criado em cativeiro natural, em lagos formados a partir da escavação de áreas de várzea. “Ao escavar esse tipo de terreno, a água brota naturalmente, por isso falamos que o nosso peixe é criado em ambiente natural, o que mantém o sabor tão preservado quanto o do pescado em nossos rios”, explicou José Maria Alves Monteiro, coordenador do grupo de piscicultores da comunidade.
       A produção é resultado do Projeto de Piscicultura Coletiva da Associação de Remanescentes de Quilombos Filhos de Zumbi. O trabalho começou a ser desenvolvido pelo Poema junto à comunidade em 2002. Uma ação de revitalização da atividade. “Capacitamos os produtores, transferindo tecnologia e garantindo a logística. Mas a nossa preocupação não era só essa. Precisávamos garantir o mais importante: renda para esse produtor. Foi aí que surgiu a idéia da feira, uma forma de comercializar e divulgar a produção de Itacoã. Ficamos felizes, porque o evento chega a sua segunda versão”, comemorou Ailton Lima, do Poema.
       Segundo Ailton, depois da II Feira Quilombola do Peixe Vivo, a intenção do Poema é ampliar o projeto e garantir a verticalização da produção. “Queremos, daqui a um ano ou mais, poder vender não só o peixe vivo, mas oferecer filé de peixe e até peixe defumado”, contou.
       Para a coordenadora do Grupo Gestor do Programa Raízes, Adelina Braglia, o projeto desenvolvido na comunidade quilombola vai se auto-sustentar ao longo do tempo. “Em dois anos, eles não vão mais precisar da nossa estrutura para realizar um evento como esse, por exemplo”.
       ”A piscicultura veio para melhorar a nossa condição de vida e fazer com que tenhamos o alimento na nossa mesa. Eu ainda não me considero um pequeno empresário, mas estou trabalhando para isso”, falou Alexandre Galiza, piscicultor de Itacoã, que junto com oito pessoas da família desenvolve a atividade no Acará.
       Raízes - A comunidade de Itacoã é apenas uma das 230 que existem em todo o Pará, 20 delas tiveram as terras tituladas pelo Governo do Estado e outras sete pelo Governo Federal. Em todas, são realizados cursos de qualificação nas mais diversas áreas. Desde 1999, a maioria deles é responsabilidade do Poema. Em seis anos de atuação, 2.846 pessoas foram treinadas em 141 cursos.
       A área da comunidade é de Itacoã é de 968,9932 hectares, onde vivem 80 famílias, que além da piscicultura, produzem carvão e vendem frutas regionais. Elas também participam de oficinas de artesanato e dança que garantem renda. “O local tem outras potencialidades que temos a intenção de começar a dinamizar em parceria com a comunidade. Uma das idéias é melhorar o manejo dos açaizais e procurar mercado para o açaí produzido no Acará”, disse Ailton Lima, do Poema.
        A II Feira Quilombola do Peixe Vivo foi encerrada com a apresentação do grupo Capoeira de Angola e Dança Afro, de Itacoã. Eles apresentaram números de dança que são fruto das oficinas realizadas pela Fundação Curro Velho (FCV).

Publicado em: 23.03.2005 14:18