Alzheimer é mote para pesquisa e extensão
Texto: Fabrício Mattos, estagiário da Agência de Notícias da UFPA
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria da população mundial, na faixa etária de sessenta anos ou mais, está vivendo em países do terceiro mundo, e o Brasil vai ocupar, até 2020, a sexta posição entre os países com maior número de idosos. Dentre as doenças que afetam essa camada da população, as do gênero neurodegenerativas crônicas são as mais freqüentes, com destaque para a Doença de Alzheimer.
No quadro de sintomas apresentados pelo portador de Alzheimer, um dos que logo se notam, no início da doença, é o esquecimento do nome de pessoas com quem o paciente convive. Depois de dois anos, o quadro se agrava e o indivíduo pode se sentir perdido na sala de sua própria casa ou mesmo ser incapaz de chegar ao seu quarto. Ele também pode apresentar delírios e perder a capacidade de reconhecer os rostos mais familiares e mesmo de cuidar si.
Na região amazônica, são poucas as pesquisas voltadas para o envelhecimento. Na UFPA, existem dois grupos: um que trabalha no estudo do Mal de Parkinson e outro que analisa o modelo experimental da Doença de Alzheimer, ou seja, um modelo similar ao Alzheimer (por apresentar o mesmo quadro clínico e sintomas), chamado Doença Prion. A proteína alterada para se chegar a esse similar é injetada no cérebro de um grupo de camundongos e observa-se o seu comportamento em relação aos camundongos normais. Este é o trabalho desenvolvido com o projeto de pesquisa “Doenças neurodegenerativas crônicas na Amazônia brasileira e o impacto causado por infecção por arbovírus”, coordenado pelo neurologista Cristóvam Diniz.
O projeto é financiado pelo Cnpq, Capes e Finep e já resultou em dez trabalhos de conclusão de curso, quatro dissertações de mestrado e uma tese de doutorado que está em andamento, além de parceiras com o Hospital das Clínicas Gaspar Vianna, Instituto Evandro Chagas, Universidade de Southampton (Inglaterra) e hospital “Barros Barreto”, onde está sendo montado um laboratório em que o grupo pretende se instalar até o final do ano.
Cristóvam passou um ano e meio trabalhando na Universidade de Southampton com um grupo especializado nos estudos de Inflamação no Sistema Nervoso Central (CNS Inflammation Group). Quando voltou ao Brasil, começou a treinar outros profissionais para instalar o modelo experimental de Doença Prion. O aspecto específico estudado é como os vários tipos de infecção agravam a demência. Como o portador da doença piora quando adquire uma infecção qualquer, os pesquisadores selecionaram um agente infectante, neste caso os arbovírus. Essa expressão se refere a um grande grupo de vírus muito freqüentes na região amazônica, com mais de 180 espécies e muitas variedades já catalogadas.
Separando os vírus que têm “preferência” pelo sistema nervoso, os pesquisadores selecionaram sete espécies que não causam doença humana séria (apenas quadro febril simples e de resolução rápida) e inocularam estes vírus nos camundongos, para saber quais eram fatais no caso da doença. O vírus Piry, reduzindo a dose aplicada, não mata, mas deixa os camundongos com uma infecção crônica. A equipe de pesquisadores está estudando o quadro da infecção sobre o curso temporal da doença. “A esperança é que, quando acabarmos de analisar este grupo de animais, possamos ter certeza de que a doença evolui mais rápido nos animais que são infectados em comparação como os animais que não o são. Se for confirmado isso, vamos estudar de que forma esta aceleração se dá em nível molecular, ou seja, o que acontece dentro do neurônio para que ele possa ser infectado”, explica Cristóvam Diniz.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores estão tentando encontrar maneiras de impedir que esse processo se agrave, testando a hipótese de que diferentes modalidades de exercícios físicos possam proteger o portador de Alzheimer contra a aceleração da doença. “Estamos começando um projeto que vai tentar estudar o impacto do exercício sobre isso. Esperamos que as pessoas que façam exercícios possam se beneficiar com um mecanismo neuroprotetor”, afirma o coordenador. “Tudo o que se pode fazer contra a doença (que não tem cura) é se proteger contra os fenômenos oxidativos: vida sedentária, obesidade e hipertensão, que elevam os fatores de risco da doença se instalar”, ressalta.
O projeto vai iniciar um trabalho de levantamento epidemiológico nas comunidades próximas ao Hospital das Clínicas, como dos bairros do Marco e Pedreira. No último dia 8 de abril, teve início o treinamento de monitores, que vão aprender a lidar com o paciente de Alzheimer. Eles vão receber visitas dos monitores para que, numa entrevista, uma pré-triagem, sejam identificados os idosos que podem apresentar sinais de demência. Esses pacientes serão levados para o Hospital das Clínicas para que o psiquiatra ou o neurologista faça um exame detalhado. Os monitores serão treinados nas próximas três semanas para detectar os portadores de Alzheimer nas comunidades próximas ao hospital. A infecção deve ser identificada e eliminada rapidamente, pois agrava o estado do paciente.
Quando o laboratório estiver montado no “Barros Barreto”, a equipe pretende trabalhar também com as comunidades do entorno do hospital. “A universidade precisa dar uma satisfação para a comunidade. Essas coisas singelas são muito importantes, porque as pessoas começam a perceber que a gente não só forma pessoas, como trata pessoas e se antecipa à instalação da doença. A idéia é sempre estar com essa ponte com a comunidade, a extensão”, diz Crisóvam.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria da população mundial, na faixa etária de sessenta anos ou mais, está vivendo em países do terceiro mundo, e o Brasil vai ocupar, até 2020, a sexta posição entre os países com maior número de idosos. Dentre as doenças que afetam essa camada da população, as do gênero neurodegenerativas crônicas são as mais freqüentes, com destaque para a Doença de Alzheimer.
No quadro de sintomas apresentados pelo portador de Alzheimer, um dos que logo se notam, no início da doença, é o esquecimento do nome de pessoas com quem o paciente convive. Depois de dois anos, o quadro se agrava e o indivíduo pode se sentir perdido na sala de sua própria casa ou mesmo ser incapaz de chegar ao seu quarto. Ele também pode apresentar delírios e perder a capacidade de reconhecer os rostos mais familiares e mesmo de cuidar si.
Na região amazônica, são poucas as pesquisas voltadas para o envelhecimento. Na UFPA, existem dois grupos: um que trabalha no estudo do Mal de Parkinson e outro que analisa o modelo experimental da Doença de Alzheimer, ou seja, um modelo similar ao Alzheimer (por apresentar o mesmo quadro clínico e sintomas), chamado Doença Prion. A proteína alterada para se chegar a esse similar é injetada no cérebro de um grupo de camundongos e observa-se o seu comportamento em relação aos camundongos normais. Este é o trabalho desenvolvido com o projeto de pesquisa “Doenças neurodegenerativas crônicas na Amazônia brasileira e o impacto causado por infecção por arbovírus”, coordenado pelo neurologista Cristóvam Diniz.
O projeto é financiado pelo Cnpq, Capes e Finep e já resultou em dez trabalhos de conclusão de curso, quatro dissertações de mestrado e uma tese de doutorado que está em andamento, além de parceiras com o Hospital das Clínicas Gaspar Vianna, Instituto Evandro Chagas, Universidade de Southampton (Inglaterra) e hospital “Barros Barreto”, onde está sendo montado um laboratório em que o grupo pretende se instalar até o final do ano.
Cristóvam passou um ano e meio trabalhando na Universidade de Southampton com um grupo especializado nos estudos de Inflamação no Sistema Nervoso Central (CNS Inflammation Group). Quando voltou ao Brasil, começou a treinar outros profissionais para instalar o modelo experimental de Doença Prion. O aspecto específico estudado é como os vários tipos de infecção agravam a demência. Como o portador da doença piora quando adquire uma infecção qualquer, os pesquisadores selecionaram um agente infectante, neste caso os arbovírus. Essa expressão se refere a um grande grupo de vírus muito freqüentes na região amazônica, com mais de 180 espécies e muitas variedades já catalogadas.
Separando os vírus que têm “preferência” pelo sistema nervoso, os pesquisadores selecionaram sete espécies que não causam doença humana séria (apenas quadro febril simples e de resolução rápida) e inocularam estes vírus nos camundongos, para saber quais eram fatais no caso da doença. O vírus Piry, reduzindo a dose aplicada, não mata, mas deixa os camundongos com uma infecção crônica. A equipe de pesquisadores está estudando o quadro da infecção sobre o curso temporal da doença. “A esperança é que, quando acabarmos de analisar este grupo de animais, possamos ter certeza de que a doença evolui mais rápido nos animais que são infectados em comparação como os animais que não o são. Se for confirmado isso, vamos estudar de que forma esta aceleração se dá em nível molecular, ou seja, o que acontece dentro do neurônio para que ele possa ser infectado”, explica Cristóvam Diniz.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores estão tentando encontrar maneiras de impedir que esse processo se agrave, testando a hipótese de que diferentes modalidades de exercícios físicos possam proteger o portador de Alzheimer contra a aceleração da doença. “Estamos começando um projeto que vai tentar estudar o impacto do exercício sobre isso. Esperamos que as pessoas que façam exercícios possam se beneficiar com um mecanismo neuroprotetor”, afirma o coordenador. “Tudo o que se pode fazer contra a doença (que não tem cura) é se proteger contra os fenômenos oxidativos: vida sedentária, obesidade e hipertensão, que elevam os fatores de risco da doença se instalar”, ressalta.
O projeto vai iniciar um trabalho de levantamento epidemiológico nas comunidades próximas ao Hospital das Clínicas, como dos bairros do Marco e Pedreira. No último dia 8 de abril, teve início o treinamento de monitores, que vão aprender a lidar com o paciente de Alzheimer. Eles vão receber visitas dos monitores para que, numa entrevista, uma pré-triagem, sejam identificados os idosos que podem apresentar sinais de demência. Esses pacientes serão levados para o Hospital das Clínicas para que o psiquiatra ou o neurologista faça um exame detalhado. Os monitores serão treinados nas próximas três semanas para detectar os portadores de Alzheimer nas comunidades próximas ao hospital. A infecção deve ser identificada e eliminada rapidamente, pois agrava o estado do paciente.
Quando o laboratório estiver montado no “Barros Barreto”, a equipe pretende trabalhar também com as comunidades do entorno do hospital. “A universidade precisa dar uma satisfação para a comunidade. Essas coisas singelas são muito importantes, porque as pessoas começam a perceber que a gente não só forma pessoas, como trata pessoas e se antecipa à instalação da doença. A idéia é sempre estar com essa ponte com a comunidade, a extensão”, diz Crisóvam.
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