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Culturas quilombolas estarão entre os temas do Encontro de Ciências Sociais

       Texto: Alan Araguaia, estagiário da Agência de Notícias da UFPA
       Foto: Quilombolo de Macapazinho (PA), pela antropóloga Marcilene Costa

 

       Nas regiões amazônica e nordestina do Brasil, historicamente marginalizadas em relação às demais, existem institutos de pesquisa capazes de compreender as conjunturas sociais nas quais estão inseridos, quebrando a herança colonial que se recusava a reconhecer essas regiões, “pois as gentes brancas do sul acreditavam que por aqui nada se fazia de notável, reinava nestas paragens a selvageria anônima e bronca, estereótipos que justificavam ser este recanto um fardo difícil de carregar”. É essa a convicção que move o XII Encontro de Ciências Sociais, o Ciso Norte-Nordeste, que acontece de 17 a 20 de abril, no campus da UFPA, em Belém, com o tema central “Diversidade e pluralismo no Norte e Nordeste do Brasil”.
       O evento contará com dez mesas-redondas, vinte e três grupos de trabalho, dez mini-cursos, lançamentos de livros, mostra de vídeos produzidos por cientistas sociais, entre outras atividades. Dentre os temas que serão discutidos em mesas-redondas, estão o uso da biodiversidade, atores sociais e conflitos na Pan-Amazônia, políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil, homossexualidade e direitos humanos, imaginário e patrimônio cultural. “O encontro começará com uma conferência proferida pelo reitor da UFPA, Alex Fiúza de Mello, seguida de um debate com todos os coordenadores de programas de pós-graduação das duas regiões, no qual serão discutidas as principais questões que envolvem a área”, relata a professora Jane Beltrão, da comissão organizadora do evento.
       Jane Beltrão afirma que as maiores dificuldades para se desenvolver a pesquisa e a pós-graduação nessas regiões são a falta de verbas, a situação precária das instituições públicas, “pois não há um orçamento compatível com a envergadura dos projetos”. Freqüentemente as pesquisas não podem ultrapassar o espaço urbano por escassez de recursos, o que dificulta a pesquisa acerca de um espaço central na vida das regiões Norte e Nordeste, o rural. “Este encontro espera a participação de seiscentas pessoas, mas ainda assim recebemos um aporte financeiro do CNPq de apenas R$25 mil reais”, lamenta a professora. As limitações financeiras impediram que muitos pesquisadores que iriam ser convidados para ministrar atividades não pudessem vir.
       A consciência do papel das Ciências Sociais para a análise crítica das realidades das duas regiões levou os profissionais da área a promoverem regularmente, desde a década de 80, encontros bi-regionais, buscando estabelecer uma dinâmica coletiva de reflexão que envolvesse os diversos segmentos da academia. Desde então, houve um processo de consolidação dos programas de pós-graduação e linhas de pesquisa nas universidades amazônicas e nordestinas. Jane Beltrão não tem dúvidas em afirmar que as onze edições do Ciso tiveram papel fundamental para isso, e prevê uma renovação de ânimo para a pesquisa na UFPA, por o sediar o encontro. “Normalmente a instituição que abriga o encontro ganha maior visibilidade, o que é um grande incentivo para o programa de pós-graduação local”.
       Os valores das inscrições para o XII Ciso são de R$60,00, para profissionais que não irão apresentar trabalho, R$40,00 para profissionais que irão apresentar trabalho, R$10,00 para estudantes de Belém e outros estados. Os estudantes do interior do Pará estão isentos do valor da inscrição. Mais informações pelos número (91) 3183-2024/3183-2016, pelo endereço eletrônico ciso@ufpa.br e site evento www.ufpa.br/ciso/

Publicado em: 14.04.2005 16:35