Alex Fiúza de Mello toma posse em seu segundo mandato como Reitor da UFPA
Reprodução e texto: Gilson Faria, agência de notícias da UFPA
O professor Doutor Alex Bolonha Fiúza de Mello tomou posse na manhã desta sexta-feira, 08/07, em seu segundo mandato como reitor da Universidade Federal do Pará, para o quadriênio 2005/2009. A solenidade foi realizada no hall do prédio da reitoria, campus universitário e foi presidida pela atual vice-reitora, Marlene Freitas. A nova equipe da administração superior também tomou posse.
Autoridades civis e militares, além da comunidade universitária estavam presentes. O governador Simão Jatene foi representado pelo Secretário Especial de Promoção Social, Gerson Peres, e o prefeito de Belém, Duciomar Costa, pelo Secretário Municipal de Saneamento, Luiz Otávio da Mota Pereira.
A posse de Alex Fiúza de Mello é realizada na semana em que a Universidade Federal do Pará completa 48 anos. Criada em 1957 para reunir as faculdades de ensino superior existentes no estado do Pará, a UFPA é hoje uma das maiores e mais importantes instituições do Trópico Úmido, abrigando uma comunidade de aproximadamente 42.000 pessoas.
A UFPA passou a exercer um papel estratégico no desenvolvimento da região amazônica a partir de 1986, quando estendeu suas ações para o interior do estado do Pará , democratizando o acesso ao ensino superior a milhares de pessoas que estavam excluídas do ambiente universitário, em decorrência das distâncias e das dificuldades de trânsito entre os diversos municípios, e entre esses e a capital. Atualmente as ações voltadas para este público estão sendo consolidadas num modelo de Universidade Multicampi, cujo objetivo é o de implantar, dentro da visão de Universidade-Rede, um sistema solidário e cooperativo entre os campi.
Leia a seguir o discurso de posse do Reitor Alex Fiúza de Mello.
Quando elaboramos o nosso Plano de Gestão para a UFPA, 2005-2009, apresentado durante a campanha eleitoral, interpelávamos que “um desafio parece impor-se à Universidade: se esta ainda crê poder influir na história com a responsabilidade de indicar novos caminhos. Como se a ela coubesse a responsabilidade de dizer constantemente não à realidade, no sentido que considera o possível sempre melhor que a realidade”.
A Universidade Federal do Pará é a maior instituição de educação superior do norte do país. Maior pólo de conhecimento de todo o Trópico Úmido mundial e referência internacional em alguns campos do saber científico, destaca-se, ainda, no cenário nacional, pelo seu programa arrojado de interiorização e por congregar o maior número de alunos de graduação dentre todas as Federais, sendo, nesse item, a quarta maior no conjunto de todas as IES brasileiras.
Assumir o cargo de Reitor desta Instituição, portanto, mais que uma grande honra, será, sempre, um imenso desafio. Um desafio pela importância estratégica que a UFPA representa no contexto regional; um desafio pelo seu raio de incidência e importância em âmbito estadual; um desafio pela referência e papel de liderança que ela deve assumir em âmbito nacional e mundial, a considerar-se os interesses em jogo, no cenário global, pelo acesso às riquezas potenciais da biodiversidade amazônica.
Esta Universidade, na moldura desse quadro, diante dos direitos republicanos e da vontade de cidadania de suas populações – em sua grande maioria ainda excluída dos melhores frutos da civilização e das conquistas materiais e espirituais da contemporaneidade –, não tem o direito de ser doméstica, de pensar-se pequena ou periférica, de contentar-se com migalhas orçamentárias. Por ser pública, patrimônio de todos, dela – e nela – lideranças populares, empresariais, políticas, artísticas, acadêmicas e toda a sociedade civil devem reconhecer um instrumento fundamental de construção de um projeto estratégico regional, um intelectual coletivo insubstituível nas parcerias em favor do progresso econômico e social, um ator institucional decisivo na salvaguarda de um futuro mais próspero e socialmente mais inclusivo para as novas gerações, isso pelo uso do poder do conhecimento como fator afirmativo de soberania popular, de democratização das oportunidades e de superação definitiva da pobreza e da exclusão social. Por isso é preciso investir nela, cuidar dela, amá-la, por que não, ajudando-a a ser, cada vez mais, educacionalmente qualitativa, cientificamente pertinente e socialmente relevante.
De forma consciente e planejada, com eixos, objetivos, metas e programas bem definidos em nosso Plano de Desenvolvimento, trabalhamos com muito afinco e determinação, nos últimos quatro anos, para resgatar à UFPA condições mais dignas e adequadas de funcionamento e de produção acadêmica, na busca da mudança de patamar e de padrão na qualidade e extensão de seus serviços, na perspectiva da efetivação de suas utopias mais nobres, vislumbradas nos horizontes mais alargados de seus desafios e de sua vocação regional. Construímos e reformamos prédios inteiros e a maioria de seus espaços internos; modernizamos laboratórios de pesquisa e hospitais; ampliamos consideravelmente o acervo bibliográfico; informatizamos os procedimentos de gestão; qualificamos em nível de pós-graduação parte considerável do quadro técnico; duplicamos o número de doutores (de 300 para 600) e saltamos os programas de mestrado e doutorado de 27 para 45 (com mais 6 atualmente em fase de julgamento pela CAPES). Atentos às demandas regionais, criamos novos cursos de graduação, na capital e no interior, com destaque para os de Engenharia de Materiais, de Engenharia de Minas e Meio-Ambiente e de Geologia, em Marabá; o de Engenharia de Pesca, em Bragança; o de Física Ambiental, em Santarém; o de Biologia, em Altamira; os de Engenharia Elétrica e de Engenharia Civil, em Tucuruí; o de Sistema de Informações, em Capanema; o de Engenharia Naval, em Belém. Quadros docentes e técnico-administrativos, em número jamais visto em toda a história da interiorização da UFPA, foram e estão sendo contratados para os campi do interior, muitos com formação pós-graduada já completa. Sem exceção, todos os campi – Abaetetuba, Altamira, Bragança, Breves, Cametá, Castanhal, Marabá, Santarém e Soure – foram ampliados, reformados e melhor equipados, prevendo-se para breve a oficialização de mais três campi definitivos da UFPA: em Capanema, em Tucuruí e em Oriximiná. Pelo FUNDEF, no que toca à formação de professores da rede pública estadual e municipal, atendemos a 105 municípios em todo o território paraense, qualificando mais de 4.000 docentes. Paralela e complementarmente, criamos um importantíssimo núcleo de Educação a distância, inicialmente em articulação com os cursos de Licenciatura, cujo objetivo maior, além da educação continuada, será o de contribuir para a eliminação, dentro de no máximo 15 anos, de todos os professores leigos deste estado. Já estamos formando, com programas e metodologia de altíssima qualidade e sob a supervisão de professores doutores devidamente qualificados nesta modalidade de ensino, 240 professores de Matemática em 13 municípios, iniciando-se agora os cursos de Química, de Física e de Biologia, exatamente aquelas competências de maior carência no sistema estadual de educação.
Das várias realizações e conquistas dos últimos anos, gostaria ainda de sublinhar os resultados auspiciosos da política de maior abertura conduzida pela Universidade com relação aos poderes públicos em seus três níveis, com o setor produtivo, com as instituições de ensino e pesquisa, com os movimentos populares, com a sociedade civil em geral e com entidades estrangeiras. Desse empenho resultaram protocolos de integração altamente produtivos, uma ampliação significativa de contratos e convênios, uma maior cooperação internacional e, inclusive, a criação da Associação dos Amigos da UFPA, apoiada e constituída por pessoas físicas e jurídicas sensíveis e comprometidas com o futuro desta Universidade, cuja relevância já pode ser materialmente vislumbrada nos investimentos em obras de infra-estrutura dentro do campus do Guamá.
As bases filosóficas e programáticas de sustentação desse longo Plano decenal de desenvolvimento institucional, projetado desde 2001, estão, assim, pelas conquistas já auferidas, devidamente fincadas em solo seguro e em vias de uma estruturação mais definitiva no desenho e na arquitetura da reforma do Estatuto da UFPA, atualmente em processo de acabamento final pelo Conselho Universitário. Mas o trabalho continua.
Ao assumir pela segunda vez e por mais um quadriênio a direção dos rumos e a bússola de nossa Universidade, eu e minha equipe (Vice-Reitora e Pró-Reitores) comprometemo-nos, perante a comunidade acadêmica que nos elegeu, o poder público legitimamente constituído e a sociedade paraense em geral, com novos avanços e conquistas, sem perder de vista que a finalidade última da Academia, pelo trato republicano do exercício do conhecimento – sua função primordial –, é cooperar na construção de um projeto de nação politicamente mais democrática e solidária, economicamente mais progressista e auto-sustentada e socialmente mais inclusiva e feliz.
Apenas para ilustrar o alcance e a envergadura de alguns dos desafios eleitos como prioritários para os próximos anos, destaco:
1 – A consolidação do processo de institucionalização definitiva da Universidade em sua concepção multicampi, aí contidas: a criação de novos campi; a complementação da contratação de quadros docente e técnico-adminsitrativo para o interior; a redefinição dos regimentos internos das várias unidades acadêmicas na perspectiva multicâmpica; a flexibilização e a circulação da oferta de vagas dos cursos existentes entre os vários campi; a interiorização dos programas de pós-graduação; a formação de redes de pesquisa envolvendo todos os campi, com extensão do programa de iniciação científica; a presença definitiva dos coordenadores e representantes dos campi do interior nos Conselhos Superiores de deliberação;
2 – A modernização do parque informacional da UFPA, com a criação de um centro de inteligência artificial voltado à produção de softwares estratégicos, a aquisição de servidores e equipamentos de última geração e a implantação definitiva, com o apoio do MCT, da rede metropolitana de Belém, em giga bytes, que por nós será articulada a todos os campi do interior, ligando-os, assim, definitivamente, ao Portal da CAPES e à internet e permitindo, em conseqüência, que grupos de pesquisa de ponta possam ser instalados e mantidos em qualquer micro-região deste estado, com impactos importantíssimos no desenvolvimento local;
3 – A implantação definitiva de uma política permanente de qualificação e desenvolvimento de pessoal, conforme as necessidades estratégicas institucionais, a ser coordenada e liderada pela novíssima Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal, criada recentemente para dar justamente prioridade e organicidade, com a devida dedicação e inteligência, a todo esse empreendimento;
4 – A continuação do processo de reestruturação e expansão do ensino de graduação, com a complementação da reforma dos projetos pedagógicos de todos os cursos, em conformidade com as novas Diretrizes Curriculares já aprovadas pelo CONSEP; a implantação de um rigoroso programa de avaliação institucional e de qualidade dos cursos, envolvendo, entre outros fatores, a avaliação da atuação docente; e a criação de novos cursos de graduação, de interesse estratégico para o estado, a exemplo do de Engenharia de Alimentos (previsto para Santarém), do de Biologia de Águas Interiores (previsto para Oriximiná) e o de Museologia (programado para Belém, mas com oferta também para todo o interior do Pará);
5 – A consolidação definitiva do parque de pós-graduação, com a complementação da abertura de cursos de doutorado em áreas e campos do conhecimento ainda não atendidos dentro do estado e da região, e com a elevação dos conceitos da CAPES em todos os programas já existentes;
6 – A consolidação e a ampliação de programas arrojados de pesquisa em áreas estratégicas para a região, com forte investimento na contratação de doutores e na modernização de laboratórios e equipamentos de última geração, isto sem perder de vista a necessidade da dinamização dos processos de inovação científica e tecnológica, voltados para a obtenção de patentes e, conseqüentemente, a geração de riquezas para a sociedade paraense.
Ao lado desses grandes objetivos e metas, manteremos o trabalho de recuperação e expansão de nossa infra-estrutura, de qualificação de nossos quadros de pessoal e a forma colegiada de gestão, em todas as instâncias decisórias. Temos a certeza de que, concluídos todos esses investimentos, procedidos os ajustes necessários de pessoal e do paradigma de gestão, reforçadas e ampliadas as relações nacionais e internacionais, atualizados o Estatuto e o Regimento Geral e consolidada a Associação dos Amigos da UFPA, a Universidade Federal do Pará, com o apoio da sociedade civil, estará então preparada para enfrentar os desafios do novo século.
Tenham, os senhores, a certeza de que, permeando todas essas ações, existe um Projeto de Universidade, uma Visão de Mundo e uma Consciência Histórica. Existe rumo e vontade política. No mais, cabe a todos nós, que fazemos no dia-a-dia esta Universidade, construirmos uma cultura acadêmica comprometida com a contemporaneidade e com a nossa própria historicidade, e que, inspirada na imagem utópica do poeta Jorge de Lima, sinal dos tempos, ainda acredite na ciência que sonha e no verso que investiga.
Não há mudança social possível sem educação de qualidade e de acesso universal. A Universidade é essa possibilidade. Ousemos investir no nosso próprio destino!
Alex Bolonha Fiúza de Mello
Belém, 08 de julho de 2005.
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