Simpósio discute a história dos povos da América do Sul por meio das línguas
Todo povo tem uma determinada história, cultura e organização social. Esses aspectos sócio-culturais e históricos se refletem nas línguas faladas por eles. No século XIX, um curioso observou certas similaridades entre línguas faladas em áreas distantes e distintas, entre a Índia e a Europa. Esse curioso, o jurista inglês Sir William Jones, concluiu que tais similaridades (entre o inglês, o latim e o sânscrito) não poderiam ser fruto de pura coincidência, e sim resultado de uma língua-mãe que deu origem a todas essas línguas. Daí a tese do proto-indo-europeu e o surgimento da metodologia histórico-comparativa. Até hoje, este é o principal método que permite aos lingüistas comparar as línguas e determinar quais descendem de uma mesma língua-mãe e qual é o grau de parentesco entre elas.
No caso dos grupos étnicos remanescentes na América do Sul, as marcas impressas em suas diferentes formas de usar a língua remontam à região geográfica onde vivem, os costumes, as influências entre culturas, os processos migratórios etc. É a tentativa de reconstruir a história e pré-história dos povos da região amazônica. Segundo o lingüista Sidney Facundes, é muito improvável que houvesse um único povo e uma única língua na Amazônia, no Brasil, ou na América do Sul. “Hoje nós sabemos que no Brasil existem entre cinco ou seis grupos genéticos, equivalentes à família latina e, em alguns casos, ao proto-indo-europeu”, diz ele.
Entre os dias 27 de agosto e 2 de setembro acontece em Belém o Simpósio Internacional sobre Lingüística Histórica na América do Sul. O evento reúne pesquisadores da Holanda, França, Estados Unidos, Colômbia, Alemanha e a maior parte dos especialistas brasileiros que atuam na área dos estudos históricos-comparativos das línguas da América do Sul.
O simpósio é uma parceria entre a UFPA, o Museu Emílio Goeldi, a Organização Neerlandesa de Pesquisa Científica (NWO), o Cnpq e a Sectam. O objetivo é perceber, através do diálogo acadêmico, o que se sabe sobre história e pré-história da América do Sul. “Nesta versão o evento é aberto à comunidade acadêmica. Queremos divulgar os resultados dos encontros anteriores, discutir e receber a contribuição de outros participantes”, afirma Sidney Facundes, membro da coordenação do evento.
O evento será divido em dois momentos. No primeiro serão apresentações de trabalhos. No segundo momento haverá sessões temáticas de temas selecionados das discussões dos dias anteriores. Ao final, haverá uma reunião com recomendações e que medidas tomar a partir do que se conheceu no simpósio. Maiores informações no site www.ufpa.br/silhas .
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