UFPA consegue autorização do SUS para fazer os primeiros implantes cocleares do Norte
Um marco para a Medicina do Pará. Foram realizadas, nesta segunda-feira, 4, as duas primeiras cirurgias de implante coclear da Região Norte. As operações aconteceram no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), da Universidade Federal do Pará, em Belém. O implante possibilita que pessoas com surdez profunda e severa voltem a ouvir, ou seja, tenham novamente a oportunidade de redescobrir o mundo dos sons.
O implante coclear, conhecido popularmente como "ouvido biônico", é realizado em pacientes pós-linguais, isto é, que perderam a audição, mas aprenderam a falar e possuem memória auditiva. Trata-se de um dispositivo eletrônico que capta os sons e transmite-os ao cérebro, por eletrodos.
Pioneirismo - As cirurgias iniciaram às 9h da manhã. “É um serviço de alta complexidade e estamos muito felizes por ter chegado ao Pará, primeiro e único Estado da Região Norte a fazer esta operação”, diz o doutor José Cláudio Cordeiro, professor e coordenador do serviço e da Residência Médica de Otorrinolaringologia do HUBFS.
Os implantes foram realizados em uma mulher de 30 anos e em um rapaz de 18, residentes em Belém e em Curuçá, respectivamente. Eles perderam a audição de modo diferente. “A paciente ficou surda após uma infecção pós-parto e a surdez do rapaz foi consequência de gripe forte, labirintite e tontura", explica o médico. "Nós, da equipe médica, escolhemos os dois casos por sabermos que o implante coclear propiciará uma melhoria imensa na qualidade de vida de cada um deles”, analisa.
Equipe - Além da equipe multiprofissional (fonoaudiologistas, assistente social, psicólogos, enfermeiros, entre outros) da UFPA, participaram da cirurgia o professor doutor Robinson Koji Tsuji, presidente da Central Brasileira de Implante Coclear e coordenador do Grupo de Implante Coclear, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP); e a doutora Valéria Goffi, fonoaudióloga responsável pelo Grupo
de Implante Coclear do HC-FMUSP. Apoio técnico importante também foi dado pela infraestrutura do Hospital Bettina Ferro para que o implante fosse bem sucedido.
Próximas cirurgias – Existe um projeto, ainda em fase de aprovação pelo Ministério da Saúde, que prevê a liberação de verba para a realização de novas cirurgias no Pará. De acordo com um levantamento do Hospital Bettina Ferro, existem, pelo menos, 30 pessoas aguardando um implante coclear no Estado. Mas, enquanto o projeto não é aprovado pelo MS, o HUBFS realizará, ainda este ano, 18 cirurgias financiadas pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
A cirurgia de implante coclear é considerada pela Organização Mundial de Saúde como a segunda cirurgia que proporciona melhor qualidade de vida ao usuário, acima, inclusive, do marca-passo cardíaco. “É uma cirurgia de alta complexidade que beneficia – e muito! – a todos que perderam a audição ou que nasceram sem ouvir”, informa o professor José Cláudio. “Com o teste da orelhinha, obrigatório em todo o Brasil, vamos ter a confirmação de que a cada mil crianças, três nascem com deficiência auditiva”, afirma.
Implantados - São cerca de 300 mil implantados em todo o mundo. No Brasil, são mais de 3 mil. Os Estados do País que possuem Centro SUS de implante coclear são: Rio Grande do Sul (1 centro), Paraná (2 centros), São Paulo (3 centros na capital, 4 centros no interior), Rio de Janeiro (1 centro), Minas Gerais (4 centros), Distrito Federal, Bahia (1 centro), Pernambuco (1 centro), Rio Grande do Norte (1 centro), Ceará ( 1 centro) e agora o Pará (primeiro centro na Região Norte).
Dedicação - Para realizar a cirurgia e conseguir a aprovação do MS, o empenho por parte do Hospital Bettina Ferro de Souza e da Reitoria da Universidade Federal do Pará foi essencial. O doutor José Cláudio Cordeiro e as fonoaudiólogas da equipe fizeram inúmeras viagens para especialização em São Paulo.
A operação também exige um trabalho intenso junto a uma equipe multidisciplinar (otologistas, otorrinolaringologistas, neurologista, fonoaudiólogas, radiologistas e assistentes sociais). Além disso, houve um trabalho forte para aprovação na Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e no Ministério de Saúde.
“Sem a Sespa e a UFPA, teríamos muitas dificuldades de implementar o projeto idealizado pelo doutor José Cláudio. Em nome do reitor, transmito o agradecimento a todos pela iniciativa", disse o diretor geral do Bettina Ferro, doutor Murilo de Souza Morhy.
"É muito gratificante ajudar a realizar projetos como este, ter serviço de qualidade para realizar essa cirurgia e implementar o SUS nas novas tecnologias”, afirma a secretária estadual de Saúde, Silvia Comaru, que apoiou a realização do projeto.
Texto: Cleide Magalhães e Doroteia Fragata - Assessoria de Comunicação do HUBFS
Fotos: Alexandre Moraes
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