Dos 140 indígenas inscritos no Processo Seletivo Diferenciado 2011 da Universidade Federal do Pará (UFPA), onze faltaram à prova de Língua Portuguesa realizada neste domingo, 30, nos Campi da UFPA em Belém, Marabá, Altamira e na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém.

Em Belém, dos 19 candidatos lotados no Campus Básico da UFPA, só quatro faltaram ao certame, que, este ano, oferta duas vagas em cada curso de graduação da capital e do interior. Em Altamira, quatro dos 26 candidatos não compareceram. Em Santarém, dos 68 inscritos, apenas três faltaram; e em Marabá, onde 27 candidatos se inscreveram, não houve faltosos.

A prova teve início, pontualmente, às 8h, apresentando um tema bem familiar aos candidatos: a relação do povo indígena com a natureza. “Me senti à vontade para escrever, porque pude falar sobre a vida do povo Tembé, seu passado e presente, e os conflitos que vivemos”, disse Wires Tembé, 26 anos, candidato ao curso de Odontologia. Ele diz que escolheu o curso porque tem vontade de ajudar sua comunidade, na aldeia localizada no município de Santa Luzia do Pará. “Optei por Odontologia porque meu povo é muito carente nesta área”, ressaltou.

A estudante Marla Thainã Sompré, 17 anos, da etnia Xerente, também quer ajudar seu povo. Ela concorre, pela primeira vez, a uma vaga no curso de Direito. “O índio precisa de gente que conheça a realidade dele e possa orientá-lo quanto aos seus direitos”, disse.

Para os candidatos que fizeram o Processo Seletivo Diferenciado pela segunda vez, a expectativa pela aprovação é muito boa. Raimundo Reis, 21 anos, concorre à vaga no curso de Medicina. Ele pertence à aldeia sede de Santa Luzia do Pará. “Este ano, tentei de novo e vou continuar tentando. É o meu sonho desde criança. É uma maneira de ajudar meu povo, pois há uma carência enorme na área da saúde.”

A indígena candidata, Elizeth Tapajós Serrão, da etnia Tapajó, em Santarém, conta que, no ano passado, se inscreveu para o curso de Administração. Este ano, resolveu mudar e optou por Serviço Social. “Estou confiante. Ano passado, a entrevista me derrubou. Estou tentando de novo e, se não passar, vou tentar até conseguir”. “Tenho vontade de ajudar lá na aldeia, trabalhar com as crianças”, completa.

Entrevistas – À tarde, a Comissão do Concurso para a Seleção Diferenciada dará início às entrevistas individuais, que incluem análise de histórico escolar do ensino médio. As entrevistas se iniciam a partir das 14h e seguem nos dias 31 de janeiro, 1º e 2 de fevereiro.

Segundo a professora Zélia Amador, representante da Comissão do Concurso, as entrevistas têm como objetivo levantar as condições em que o candidato fez o ensino médio e, principalmente, analisar o vínculo que a pessoa tem com a comunidade indígena. “A seleção é focada para um grupo e, aí, a gente precisa saber se, de fato, essa pessoa faz parte do grupo para quem é focada a seleção”, explica.

Correção - A correção da prova terá início na quarta-feira, 2 de fevereiro. A banca é formada por professores da UFPA e designada pela Comissão do Concurso para Seleção Diferenciada. A previsão do Centro de Processos Seletivos (Ceps) é divulgar a lista com os nomes dos aprovados até o final da próxima semana.

Texto: Ericka Pinto - Assessoria de Comunicação da UFPA

Fotos: Karol Khaled

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