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Semana de Democratização da Comunicação oferece programação voltada para a comunidade

   As dependências do curso de Comunicação da UFPA estão recebendo uma turma especial de estudantes, formada por artistas populares, comunicadores, ativistas políticos e religiosos, entre outros, todos envolvidos com trabalhos comunitários. São pessoas que acumularam experiências na vivência prática dos problemas sociais, e agora buscam se aperfeiçoar com o conhecimento acadêmico.
   Trazer a comunidade para dentro da universidade é a proposta da Semana de Democratização da Comunicação, um evento que acontece por todo o país, organizado por entidades estudantis e profissionais, como a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos). A semana é marcada por debates, manifestações, audiências públicas, e demais atividades que discutam o tema. Em Belém, o enfoque dado foi na informação acadêmica para aqueles que fazem a comunicação popular na cidade, por meio de oficinas. “Preferimos nos concentrar nesse tipo de atividade que capacite as pessoas para melhor intereferir na política, na economia e na cultura da sociedade como um todo”, explica Luciane Bessa, diretora da rádio comunitária Resistência FM, do bairro do Marco, e organizadora do evento.
   Para Luciane, a democratização da comunicação é fundamental para que tenhamos um mundo menos excludente. A estudante acredita que é necessário romper com o monopólio dos grandes “magnatas” dos meios de comunicação e contribuir para a formação de uma rede informativa composta pela parte pobre e marginal da sociedade. “Esse esforço vale a pena, como mostrou recentemente um censo feito no bairro da Terra Firme, um dos mais pobres e populosos de Belém, que apontou a rádio comunitária Cidadania FM como a segunda mais ouvida, atrás apenas da 99 FM, uma comercial”. As oficinas serviriam para potencializar esse processo, quando eleva a capacitação técnica dos integrantes das rádios.
   Uma das oficinas oferecidas pela Semana é a de dicção, ministrada pela professora Lenne Santos, do Departamento de Comunicação da UFPA. A oficina está programada para um total de doze horas, com dinâmicas de leitura, exercícios de articulação das palavras e dicção. Exercícios como ler em voz alta com uma rolha entre os dentes facilitam tanto a dicção como a emissão mais clara da voz. “Acho que iniciativas como essa abrem um precedente importante para que outras possam acontecer não só em comunicação, mas em todas as áreas, e assim a comunidade seja beneficiada com o conhecimento que é gerado dentro da universidade”, considera Lenne.
   O locutor de rádio comunitária Vítor Samuel, que participou da oficina, destacou a oportunidade de ter contato com outras pessoas que também fazem comunicação popular como uma das maiores vantagens do evento. “Pretendo convidar a professora para dar aulas na rádio”, revela.
  A Semana de Democratização da Comunicação ainda conta com mais quatro oficinas, espalhadas por vários pontos da cidade: inclusão digital, comunicação infantil, locução e audio-ficção. (Texto e foto: Alan Araguaia)

Foto: Comunicadores de rádios comunitários participam de oficina ministrada pela professora Lenne Santos

 

Publicado em: 27.10.2005 14:15