O Diabetes Mellitus é uma doença decorrente da falta de insulina ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente o seu efeito. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, fundamental na metabolização da glicose, principal fonte de energia do organismo. Em conseqüência da falta de ação da insulina, ocorre a elevação da glicose no sangue, o que caracteriza o diabetes. A doença tem uma estreita relação com a cavidade bucal, pois nela fica possível observar alguns primeiros sinais da doença.  Por isso, o “Projeto Formiguinha”, do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Pará, realiza um trabalho preventivo, no qual atende pacientes infantis diabéticos ou com tendência para a doença.
 O Projeto é um serviço de atendimento odontológico que possui características educativas, preventivas e curativas das conseqüências do diabetes na cavidade bucal. Aberto à comunidade,  atende crianças de 0 a 12 anos de idade por meio de  acadêmicos do curso de Odontologia da UFPA,  supervisionados pelo  coordenador professor Antonio José Nogueira. O Projeto é desenvolvido por meio  de palestras em escolas, onde as crianças ficam sabendo sobre a doença e suas repercussões para a boca. O trabalho de divulgação é feito pelos estudantes  que ensinam  hábitos saudáveis, métodos de escovação e de higiene buco-dental, às crianças.A idéia é chamar a atenção  para as conseqüências da doença se não for tratada. 

A parte prática do projeto Formiguinha é desenvolvida  na Clínica de Odontopediatria da UFPA , onde  são feitas aplicações de flúor nos dentes das crianças, tratamentos de lesões já instaladas na cavidade bucal e acompanhamento dos pacientes participantes do projeto.
 È por meio de um  exame  bucal e de glicemia (que mede a presença de açúcar no sangue), que  a criança fica sabendo se é portadora da doença e, a partir daí, é aceita  para o tratamento. Outro fator analisado pelos acadêmicos é o da criança que já possui casos de Diabetes na família, os chamados pacientes em potencial. Esses são os maiores  beneficiados pelo projeto porque apresentam um maior fator de risco nas complicações bucais. Neste sentido,  medidas preventivas como escovar os dentes após as refeições e antes de dormir; usar fio dental; evitar a ingestão de doces; fazer uma alimentação saudável e visitar periodicamente o dentista são ensinadas às crianças. ‘’ O diabético possui muitas fases na vida. Tem fases em que ele não entende a doença, em outras fica revoltado, até que ele chega a um ponto que toma consciência de que deve tomar certas precauções. Se isto começa na infância , com certeza a criança  compreende e assimila melhor a doença’’, afirma o professor.
De acordo com José Nogueira, a prevenção da doença  é um processo lento e gradual de educação. Ele destaca o papel dos pais como o fator fundamental para o sucesso do trabalho.  “Isso é um processo lento de educação que propusemos fazer na Odontologia. Em algumas doenças que começam na infância, entre elas a diabete, nós já conseguimos conscientizar as crianças  do que elas  podem ou não  fazer. Com a participação dos pais,  os cuidados que devem tomar para que sozinhas consigam levar uma vida comum, sem as alterações ou sem muitas das alterações que a diabetes poderá trazer para a boca. Sangramentos gengivais, amolecimento dos dentes e infecções bucais são alguns dos fatores que a doença acarreta ao diabético”, disse o professor.
O Projeto Formiguinha começou como um programa de iniciação cientifica, onde o objetivo da pesquisa era levantar a quantidade de pacientes diabéticos ou com tendência para a doença. A idéia agora, segundo o professor José Nogueira, é transformá-lo em um projeto de extensão para que possa atender a um número maior de pacientes e realizar um melhor trabalho preventivo. Atualmente 20 crianças são atendidas pelo projeto, que já ganhou vários prêmios em congressos de odontologia infantil e foi tema de muitos trabalhos científicos. 

Serviço – Os interessados em ser atendidos pelo Projeto Formiguinha devem procurar a clínica odonto-pediátrica, que funciona no Curso de Odontologia da UFPA, no campus do Guamá. O horário de atendimento é aos sábados, de 8:30 às 12:00.

Texto: Bruno Magno (estagiário/Assessoria de Imprensa)

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