Otávio Velho:40 anos de estudos sobre campesinato e capitalismo
O antropólogo Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho está em Belém participando de um seminário que marca os seus 40 anos de estudos sobre campesinato e capitalsimo na Amazônia. Foi no Pará, mais precisamente na região de Marabá, que Otávio Velho realizou pesquisa de campo como parte de seu mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob orientação de Roberto Cardoso de Oliveira, cientista falecido há um mês. O estudo pioneiro do antropólogo sobre fronteira na Amazônia tornou-se leitura obrigatória para os estudiosos sobre o tema.
Nesta segunda-feira (21) ele participou do seminário “Fronteiras na Amazônia: 40 anos de diálogo com Otávio Velho”, no auditório do Centro de Capacitação da UFPA. O evento, que reúne os programas de pós-graduação em Agricultura Amazônica; Ciências Sociais, Saúde, Sociedades e Endemias na Amazônia; e Direito, será estenderá até o dia 24, com a segunda se realizando no campus Universitário de Marabá.
Na abertura do evento, a antropóloga Jane Beltrão ressaltou que o seminário era uma “uma homenagem a Otávio por seu trabalho pioneiro na Amazônia”. Aposentado da UFRJ desde 2004, o antropólogo publicou vários livros, entre os quais “Frentes de expansão e estrutura agrária”, “Sociologia do conhecimento”, O fenômeno urbano”, “Capitalismo autoritário e campesinato” e “Circuitos infinitos: de comparações e religiões no Brasil, Portugal, França e Grã-Bretanha”.
A contribuição do professor Otávio Velho para as Ciências Sociais no Brasil é reconhecida como uma das mais significativas por todos os que tiveram a oportunidade de acessar os seus trabalhos e partilhar de suas reflexões. Na palestra de abertura do seminário, Velho recordou as penosas viagens de ônibus que fazia para chegar a Marabá, entre 1966 a 1972. Já naquela época, observou que a origem das pessoas que migravam para o município paraense era praticamente a mesma, os vales do Maranhão. Seus estudos daquela época se preocupavam em pensar a formação brasileira a partir da fronteira.
Apesar da sua formação marxista (era ligado ao PCB), Otávio Velho diz que, estranhamente, não imaginava que um foco guerrilheiro estava se instalando na região onde realizada as pesquisas. Durante a Ditadura, foi processado pela Justiça Militar, optando por auto-exílio nos Estados Unidos, onde realizou seu doutorado.
Depois de alguns anos, Velho se afastaria das questões rurais e se dedicaria à antropologia das religiões, passando a ter um convívio mais próximo com o professor Heraldo Maués. Ele criticou o ateísmo acadêmico por não dar a devida atenção à questão religiosa na antropologia.
Coube a reitor da UFPA, professor Alex Fiúza de Mello, atuar como comentarista da palestra de abertura. Na tarde da segunda-feira, foi realizada a mesa redonda “Em tempo de fronteira: 40 anos de leituras com Delma Pessanha Neves”.
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