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Autismo: Hospital Bettina debate implantação de atendimento

No Brasil, não existem políticas públicas dirigidas aos autistas, nem um tratamento de referência no Sistema Único de Saúde (SUS). Crianças e adolescentes com esse diagnóstico são atendidos em sistemas ambulatoriais de centros de atenção psicossocial infanto-juvenil. Também não há dados estatísticos desta parcela da população desassistida, que orientem as políticas públicas de inclusão de forma correta.
Neste cenário, a Coordenação do Serviço de Psicologia do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS) convidou a Professora Doutora Maria Amália Andery, que esteve em Belém, na semana passada, participando da Comissão de Avaliadores do CNPq do  programa PIBIC, para conversar com a equipe do projeto Caminhar, que atende crianças com dificuldades de desenvolvimento. Ela é Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, da PUC de São Paulo.

O objetivo foi discutir o que é possível ser feito no ambiente do Bettina para dar uma resposta à clientela diagnosticada como autista pela equipe multidisciplinar do hospital. Uma boa proposta de construção de uma rede entre a PUC-SP e o Hospital já começou a ser desenhada, para instalação de uma classe modelo, no contexto de um serviço multidisciplinar de atendimento integral a autistas, para que sirva de estudo, referência e disponibilize consultoria para outras unidades de atendimento à saúde no Estado e no país, que possam atender os autistas. O programa a ser adotado, de base analítico-comportamental, é conhecido como método ABA (Applied Behavior Analysis).

A professora Mara Amália lembrou que a movimentação para instituir um atendimento em que prevalecesse a desospitalização dos autistas teve início na década de 70, e está em franca ascensão nos Estados Unidos. Essa mudança gerou uma demanda por serviços, principalmente nas áreas da educação e da saúde. “Um estudo de 1988 mostrou que é possível tratar o autista, e quanto antes começar o atendimento, maiores são as chances de sucesso. Mas o atendimento deve ser intensivo, com envolvimento da família e muito bem planejado”, afirmou. Hoje, a tendência de diagnóstico precoce do autismo para inclusão do paciente em serviços certificados para devolvê-lo à vida comunitária na sua plenitude. “Acho que no Brasil ainda é pouca a avaliação de resultado integral”, acrescentou.

Segundo ela, continua sendo mais barato ao Estado pagar um professor para estar com esta criança na sala de aula, num acompanhamento individualizado, que arcar com os custos da internação, até antes única alternativa aplicada a esta clientela. “O que há no nosso país é uma política de inclusão, mas em turmas de 30 pessoas, em que os professores não estão preparados para estimular esta clientela, e precisam dar conta de todos. A criança que está nesta proposta de inclusão é aquela cujos pais não desistiram”, ressaltou. Na PUC-SP, o projeto de classe modelo prevê um atendimento individualizado, também com espaços para execução de atividades comuns, por faixa etária e padrão de deficiência cognitiva.

Fabíola Batista
Ascom/HUBFS

Publicado em: 03.10.2006 14:51