Cientistas alertam para mudanças na paisagem amazônica
Durante o II Simpósio da Biota Amazônica, cientistas de diferentes áreas avaliam processo de formação da rica biodiversidade da região e a ameaça que sofre com as mudanças climáticas
As palestras e mesas-redondas do II Simpósio da Biota Amazônica, para o dia 12 de dezembro, em Belém, terão como tema as atuais pesquisas em geociências na Amazônia. Este será apenas um, dos cinco temas que serão abordados durante os quatro dias do evento, que será aberto na segunda-feira (11), no Hotel Crowne Plaza.
Entre os conferencistas, estará o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de São José dos Campos, que iniciará os debates do dia, às nove horas.
Com título de doutor em meteorologia pelo Massachussets Institute of Technology, dos Estados Unidos, Nobre é uma referência quando o assunto é o aquecimento global. Segundo ele, as mudanças ambientais estão cada vez mais aceleradas. “A região amazônica é particularmente vulnerável a esse impacto das mudanças climáticas”, alerta. Além disso, ele vai abordar alternativas para conter o quadro crescente que preocupa a comunidade científica nacional e internacional. O título da conferência é “Mudanças climáticas e impactos nos biomas amazônicos: porque devemos nos preocupar e o que fazer”.
Para Nobre, essas mudanças se associam com as alterações do uso da terra, com o desmatamento, a fragmentação florestal e os focos de incêndio, que aumentam a ameaça à biodiversidade e aos ciclos biogeoquímicos, especialmente do carbono.
Carlos Nobre já foi coordenador-geral do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Inpe, e participou de um documentário da Ong Greenpeace, que mostrou as mudanças que ocorrem na vida das pessoas devido às alterações climáticas. Segundo Nobre, nos últimos 50 anos, houve uma aceleração forte do aumento da temperatura, causada pelo homem. Nesse período, a temperatura do planeta teve um aumento de 0,5ºC. Nos últimos dez anos, aconteceram os cinco dias mais quentes dos últimos mil anos da Terra.
Solo e formação – Depois da conferência, será aberta a mesa-redonda “Transformações na paisagem da Amazônia: passado e futuro”, coordenada pela Dra. Maria Thereza Prost, do Museu Paraense Emilio Goeldi.
Para ela, os nomes que compõem a mesa são gabaritados em suas áreas e poderão avançar na discussão, expondo os principais estudos sobre o tema. “A partir da palestra do Carlos Nobre, iremos mostrar o atual estágio de conhecimento sobre a região, sob diferentes áreas de pesquisa, e debater o futuro, as perspectivas e soluções. A princípio, podemos observar que as modificações no solo e na paisagem amazônica ocorreram ao longo do tempo. Porém, com o aquecimento global e o derretimento das calotas polares, essa água doce tende a elevar o nível dos mares, acelerando e acentuando as modificações na nossa região”, explica Prost.
Um dos debatedores, Ítalo Falesi, da Embrapa Amazônia Oriental, vai traçar um panorama do que foi pesquisado sobre o solo da Amazônia até 1966, quando ocorreu o I Simpósio Biota Amazônica. Depois, o especialista irá apresentar as unidades de solo mais importantes na região, relacionando-as aos impactos econômico, social e ambiental e sua distribuição no cenário amazônico.
Já o geólogo Roberto Dall’Agnol, da Universidade Federal do Pará (UFPA), vai abordar os avanços nas pesquisas através dos grandes projetos, como o Projeto Radam, desenvolvido nos anos 1970, e com a atuação da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
“Também houve um esforço para a descoberta de jazidas minerais por parte das empresas estatais e privadas, o que mudou radicalmente o quadro que existia anteriormente”, avalia. Em sua contribuição para a mesa-redonda, Dall’Agnol vai mostrar ainda como ocorreram as formações das grandes províncias minerais na Amazônia, como a de Carajás e do Tapajós. “A Província de Carajás, detentora de grandes reservas minerais de ferro, manganês, ouro, cobre e níquel, formou-se no período Arqueano, que representou um período muito vantajoso para a geração destes depósitos minerais”, adianta.
O paleontólogo Peter Mann de Toledo, do Inpe, que já foi diretor do Museu Goeldi, irá ressaltar o atual estágio da pesquisa e levantar os desafios atuais no estudo do solo amazônico. “O desafio agora é discutir a contribuição dos principais processos ecológicos e fatores históricos que culminaram com o padrão atual de diversidade biológica na região”, explica.
Para Toledo, a pesquisa para identificar a formação e características da biota amazônica deverá ser multidisciplinar, pois foram vários os fatores que contribuíram para esse processo. “Esse esforço intelectual exige um enfoque de pesquisa de diferentes áreas, incluindo aí ecologia, sistemática, biogeografia, genética, geologia, pedologia, geomorfologia e meteorologia, garantindo o diálogo e a integração da comunidade científica”, afirma Toledo.
O II Simpósio da Biota Amazônica acontece de 11 a 14 de dezembro, no Hotel Crowne Plaza, em Belém. Inscrições para os quatro dias por R$20,00 para profissionais e R$10,00 para estudantes. Mais informações e inscrições: (91) 3249-6373 e 3249-1302, www.museu-goeldi.br/biota
Texto: Daniel Nardim (Assessoria de Comunicação do Museu Emilio Goeldi)
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